Letras, artes e ciência na Amazônia: intelectuais, agentes políticos e instituições na produção da região amazônica (1880-1925)
País das Amazonas, Grão-Pará, Norte, Amazônia.
A Amazônia não é um dado desde sempre, não se configura como lugar inscrito na natureza a ponto de se regionalizar por si só, mediante a sua geografia. A Amazônia brasileira, assim como tantas outras regiões, é resultado de experiências humanas historicamente localizadas e realizadas, de modo que a sua emergência e existência precisa ser analisada no campo da história, objetivando-se problematizar os atos enunciadores (textos e imagens) e as práticas que a definiram no cenário nacional brasileiro das últimas décadas do século XIX e início do século XX, em detrimento de outros recortes espaciais, como "Grão-Pará", "Extremo Norte", "Vale do Amazonas" ou, simplesmente, "Norte". Por muito tempo, o governo imperial compreendeu o Brasil por meio de uma geografia simplista, que separava o país em "Norte" e "Sul", sendo o primeiro compreendido do Amazonas à Bahia e o segundo, do Espirito Santo ao Rio Grande do Sul. O Norte era tido como agrário e extrativista. Todavia, em fins do século XIX e início do XX, as elites do Pará e do Amazonas, no horizonte da luta por espaço na nação, na busca por reconhecimento internacional e em defesa da economia da borracha, projetaram, no cenário brasileiro, o novo Norte, agora denominado de Amazônia.