Ciência, nação e região na Era Vargas: o caso do Museu Paraense Emílio Goeldi (1930-1945)
Instituições científicas. Políticas ambientais. Estado Novo.
A presente dissertação situa-se na interface da história ambiental e da história
das ciências. Propõe-se a analisar a relação entre ciência e política entre 1930
e 1945, período conhecido como Era Vargas. O período é caracterizado pela
historiografia como uma ruptura no âmbito político, administrativo, social e
econômico do Estado brasileiro, em relação ao equilíbrio de forças e ao padrão
de desenvolvimento verificados na chamada Primeira República. Essa
mudança se refletiu no âmbito cultural e teve consequências no processo de
institucionalização das ciências e na configuração de um campo patrimonial
brasileiro. Esse processo será analisado no Estado do Pará por meio de um
estudo de caso, particularmente, a atuação de Carlos Estêvão de Oliveira
(1880-1946) à frente do Museu Paraense Emílio Goeldi, por quase 15 anos,
desde que foi convidado pelo interventor federal major Magalhães Barata, no
ano de 1930. Nesse contexto, o estado do Pará passava por uma grave crise
financeira, pois a economia da borracha havia entrado em colapso desde a
década de 1910, e as instituições públicas, com baixos recursos à disposição,
enfrentaram inúmeros problemas administrativos. Busca-se, portanto,
compreender qual foi o projeto institucional adotado por Carlos Estêvão de
Oliveira em sua gestão, qual a agenda científica construída no período e como
a instituição foi transformada em um ambiente político centralizador e
nacionalista.