BELÉM, UMA HISTÓRIA DA CHUVA (1890 – 1920)
Amazônia; Belém; chuva; história ambiental, história social, século XIX, século XX.
A Amazônia e seu clima, rios e matas destaca-se em relatos de viagem, memórias, relatórios de governo e editoriais periodísticos nacionais e internacionais. Este interesse traduz-se em ricas fontes as quais associam o ecossistema da região com relações pessoais e sociais definidoras de identidades próprias. São modos e meios de vida, saberes e práticas das populações da floresta, das cidades, dos campos, dos rios e das várzeas, cada qual atrelado ao clima e, dentro dele, a sua característica mais marcante: as chuvas constantes e abundantes. Foi sobretudo no período do boom da borracha e o seu fim com a crise desse sistema na região (1890-1920) que muitos olhos estiveram voltados para esta característica de forma indelével. Trabalhando com diferentes discursos e vozes presentes na documentação produzida por governantes, cientistas e agentes ligados à imprensa local (proprietários, editores, articulistas e escritores) que essa dissertação se constrói. Ela objetiva entender as percepções destes diferentes grupos, suas dúvidas, seus estudos e encaminhamentos políticos, sociais e culturais para o fenômeno das chuvas locais. Analiso que ora o fenômeno era percebido como algo característico e peculiar (social e culturalmente), ora como aspecto político/civilizacional, pois as chuvas abrandavam o caloroso termômetro comum na região amazônica, estimulando correntes migratórias e fomentando a prosperidade da região. Neste sentido, poder público e ciência caminhavam de mãos dadas na implantação de técnicas de medição pluviométrica em tempo e espaço pioneiros. Desta forma, este estudo contribui tanto para a história da ciência, quanto para a história social, buscando entender que estes dois campos devem caminhar unidos.