Moderno e tradicional: Territorialidade e expressões do Carimbó em Belém-PA
Carimbó; Música Popular; territorialidade; Geografia Cultural.
Este trabalho busca compreender a territorialidade das diferentes vertentes do Carimbó na cidade de Belém-PA, analisando as suas origens e conexões. Ainda que originário do interior do estado do Pará, o Carimbó manteve uma forte presença em Belém desde o século XIX, estando presente em documentos oficiais e relatos relacionados a festividades populares, principalmente nos bairros periféricos onde viviam as comunidades negras e caboclas. A partir de 1920, uma elite intelectual paraense "redescobre" o Carimbó em sua busca de identificar elementos para compor uma identidade cultural nortista ou amazônica, encontrando na figura do caboclo e nas suas manifestações culturais o suporte que buscavam para fortalecer esta identidade. A referência maior buscada por estes intelectuais foi o Carimbó do interior do estado, considerado mais primitivo e livre de influências, criando-se então uma ideia do que seria o Carimbó tradicional. Em paralelo, o Carimbó da periferia urbana, que circulava pelo Circuito Cultural Periférico, entra em contato com as influências musicais recebidas naquele momento pela periferia, principalmente de países vizinhos e do Caribe, através de rotas de contrabando e rádios de ondas curtas. Deste processo surge que viria a se chamar de Carimbó "Moderno". O sucesso fonográfico do ritmo colocaria em evidência as diferenças estéticas e sonoras entre as duas vertentes, gerando polêmicas e rupturas. Este trabalho busca olhar para a atual teritorialidade do Carimbó em Belém, levando em conta os processos anteriores que influenciaram na atual configuração do ritmo e surgimento de suas vertentes.