“Vai ter festa na cidade”:
Produção do espaço no carnaval da cidade de Vigia-PA
carnaval; cidade; produção do espaço.
Na produção do espaço da cidade, a festa caracteriza-se como fenômeno de ruptura do espaço-tempo ordinário do cotidiano que tem o seu ritmo ditado pelas atividades laborais dando início ao chamado espaço-tempo festivo, sendo também uma das práticas socioespaciais responsável pela apropriação do espaço nas cidades, principalmente aqueles considerados públicos. Essa apropriação é desempenhada a partir das estratégias e/ou táticas de diferentes agentes socioespaciais que atuam na produção do espaço festivo, seja no âmbito do espaço de representação ou da representação do espaço e que através dessa apropriação festiva atribui outros tipos de usos que nãos costumam aparecer no espaço-tempo ordinário do cotidiano da cidade. Dentre os diversos exemplos de festas que mudam a temporalidade habitual, adotamos como referencial empírico, o carnaval do município de Vigia – PA, um dos mais tradicionais na região amazônica e que ao longo de sua história vem passando por transformações no seu conteúdo seguindo a lógica da urbano-espetacularização (também presente em outras cidades da região amazônica) e que influencia na espacialidade dos agentes socioespaciais da festa e na maneira como utilizam os espaços públicos. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar a produção do espaço de representação e da representação a partir da apropriação dos espaços considerados públicos atentando para os seus diferentes usos durante os eventos festivos tendo como referencial empírico o carnaval de Vigia-PA. Para atingir tal objetivo optamos por desenvolver a pesquisa através do método dialético e pela metodologia de base qualitativa que teve como procedimentos o levantamento e revisão bibliográfica, trabalho de campo e produção cartográfica. A estrutura e a redação da dissertação seguiram as etapas do método regressivo-progressivo proposto por Henri Lefebvre e que se constitui em três etapas: teórico-descritiva, analítico-regressiva e histórico-genética. Com a pesquisa constatou-se que mesmo com a lógica da representação do espaço cooptada pelo capital e que é imposta por aqueles que desempenham as estratégias dominantes na festa carnavalesca, existem resistências, manifestações espontâneas que não seguem as estratégias normatizadoras e que estão ali porque os agentes que as praticam tem no espaço da festa, um simbolismo e que determinadas maneiras como usam esses espaços públicos no carnaval são a maneira como vivem a festa o que remete ao aspecto vivido ou espaço de representação de cada participante.