“PAISAGEM, MEMÓRIA E CULTURA: A GEOPOLÍTICA DO HABITAR RIBEIRINHO NA AMAZÔNIA-MARAJOARA (PARÁ)”
Fenomenologia. Habitar. Linguagem. Lugar. Paisagem. Poética. Muaná. Comunidade “Joaquim Antônio”.
É necessário pensar a Amazônia como região fértil e complexamente constituída por geograficidades diversas. Nesse sentido, tomamos como ponto de referência uma comunidade ribeirinha, pertencente ao município de Muaná, oficialmente mesorregião do Marajó (Pará). O objetivo da dissertação é analisar e discuti sobre a importância da memória, percepção e vivência da comunidade como dimensões condutoras a reflexão geográfica. A paisagem, nesse sentido, surge como a totalidade da existência do ser ribeirinho, desvelando uma geografia que possui cheiro, cor e sabor, no devaneante fluxo de sua quadratura estética e ao seu modo poético-pensante de ser-no-mundo, no qual chamaremos de geopoética do habitar ribeirinho. Metodologicamente, nos lançamos à pesquisa-ação e a utilização do método fenomenológico em diálogo com o existencialismo, no qual a projeção perceptiva, a relação entre subjetividade/objetividade, interioridade/exterioridade tornam-se fundamentais à compreensão ontológica da cultura ribeirinha e sua formação espacial como devaneio poético da existência entre o rio e a floresta. Bachelard, Heidegger, Sartre e Merleau-Ponty e entre outros, são nossos convidados a mergulhar por este mundo enigmático onde imaginação, estética, mito e o real estão intrinsicamente envolvidos na iluminação recíproca da cultura ribeirinha amazônica-marajoara. A relevância, portanto, do presente estudo, está em demonstrar como a comunidade ribeirinha articula sua existência no cambiante fluxo, dialógico, com a natureza física, anunciando a importância dos lugares existenciais como princípios reflexivos aos estudos geográficos, inclusive, auxiliando para descolonização da região Amazônica como espaço hegemônico.