Zonas de Amortecimento (ZA) são o entorno de uma  Unidade de Conservação (UC) onde as atividades humanas estão submetidas a normas e restrições específicas, tendo como intenção servir de barreira contra as ações antrópicas ao minimizar impactos negativos sobre a unidade. Entretanto, devido à complexidade sobre a temática das ZA aliada a ausência de planos de manejo, ainda há muito a ser discutido, principalmente sob o prisma da Geografia (abordagem geossistêmica) e da Ecologia (métricas de ecologia de paisagem). Analisando a área de estudo a ZA da RESEX Marinha de São João da Ponta (ZARMSJP)  desde a criação ocorrida em 2002 até o ano de 2022, no qual os fragmentos  de florestas (formação florestal, mangue e floresta alagável) foram organizados por tamanho em três categorias: (1) pequeno (até 10 ha), (2) médio (10 a 100 ha) e (3) grande (maior que 100 ha) foi realizada a análise do uso e cobertura da terra e aplicação de métricas de ecologia de paisagens; identificação de trampolins ecológicos através da análise de vetores de fragmentação e bioindicadores; categorização dos efeitos de bordas com uso de aeronave remotamente pilotada (ARP) e seus reflexos a saúde e qualidade de vida das comunidades tradicionais; análise da importância da ZA para a proteção da biodiversidade local através da integração de dados georreferenciados de diferentes fontes de dados. Isto posto, ao analisar dados de uso e cobertura da terra, constatou-se o aumento considerável das classes de pastagem e de área urbanizada, a classe de pastagem teve um aumento de 91,65%, juntamente com a área urbanizada em 130,33%. À classe floresta alagável diminuiu  16,23%, juntamente com a formação florestal em 17,78%, somente o mangue aumentou em 1,43%, através do diagrama de Sankey foi possível apurar que grande quantidade das classes de florestas foram convertidas em pastagem, representando a maior pressão antrópica exercida sobre a ZA da RESEX. Analisando métricas de ecologia de paisagem através das métricas: número de manchas (NP), área das manchas (CA) e soma das bordas (TE) que as maiores pressões em relação a fragmentação e os efeitos de bordas acontecem sobre os fragmentos pequenos e grandes, onde foram mapeados para o ano de 2022 nas coleções do projeto mapbiomas 8 e beta, respectivamente 37 e 29 fragmentos maiores que 100 ha, considerados como trampolins ecológicos, destes constatou-se que dos 37 somente sete não estavam interligados a alguma RESEX e dos 29 apenas cinco, comprovando que estar interligado a uma RESEX acaba protegendo os fragmentos de florestas. Partindo da perspectiva geossistêmica foi proposta uma classificação para os efeitos de bordas divididos em em relação à origem, como natural (eventos naturais) e antrópico (carvoeiro, madeireiro e substituível) ao analisar os efeitos de borda através dos usos e não somente do caráter biológico, apontando os seus reflexos a saúde e qualidade de vida das comunidades tradicionais ao associar o aumento de focos de calor com incidência de casos de dengue e acidentes com animais peçonhentos. Ao analisar a importância das ZA na proteção da biodiversidade local e seus desafios, foi proposta a integração de dados georreferenciados de diferentes fontes voltadas ao monitoramento. O trabalho buscou contribuir para o fortalecimento da gestão da ZARMSJP, além de servir de suporte na futura elaboração do plano de manejo da unidade, buscando legitimar a proteção e auxiliar no monitoramento da biodiversidade local, na tentativa de superar a falta de delimitação e sinalização das ZA e a ausência de políticas públicas efetivas para integração de fragmentos de florestas, contribuindo para a diminuição do processo de fragmentação e combatendo o aumento do efeito de borda na ZARMSJP. Propondo a criação de uma política pública efetiva voltada à integração de áreas de reserva legal entre diferentes propriedades rurais vizinhas e a criação de uma área de proteção ambiental APA no entorno da REESEX Marinha de São João da Ponta com a função de ZA.