A GENTE NÃO USA MAIS ÁGUA COMO USAVA ANTES”: IMPACTOS DA UHE TUCURUÍ NA VIDA DAS MULHERES ATINGIDAS POR BARRAGENS.
Gênero, Corpo Território, Transversalidades sociais Mulheres no Baixo Tocantins, Modelo energético.
A dissertação explora o processo de construção dos territórios impactados por hidrelétricas, especialmente na região amazônica, onde a exploração dos corpos e os atravessamentos causados pela concepção de desenvolvimento dos grandes projetos afetam dinâmicas ambientais e sociais. Na Amazônia, esse processo é ainda mais complexo devido à extensão e diversidade de paisagens e populações diretamente dependentes. O modelo energético, discutido na Geografia e quanto a seu real impacto, levanta problemáticas como deslocamentos compulsórios, compensações injustas e questões hídricas causadas por mudanças nos fluxos e vasões dos rios. Além das questões territoriais e espaciais, as transversalidades sociais são evidentes, embora muitas vezes invisibilizadas pela estrutura patriarcal presente nos espaços de debate. Assim, a pesquisa tem como objetivo compreender os reflexos dos impactos causados pela UHE Tucuruí sobre as mulheres no Baixo Tocantins, especialmente na comunidade ribeirinha de Paruru do Meio, e analisar a reprodução de poder do Capital, bem como os desafios e formas de resistência das mulheres na defesa dos corpos territórios. A pesquisa examina as questões fisiográficas e sociais das ilhas do Baixo Tocantins, bem como a participação das mulheres nesta realidade. Identifica-se a percepção das mulheres atingidas, as influências nas jornadas de trabalho doméstico e como essas demandas são levantadas na participação política feminina na defesa do Território. O percurso metodológico adotado inclui análise bibliográfica, trabalho de campo, participação em reuniões de lideranças comunitárias, aplicação de questionários socioeconômicos e entrevistas semiestruturadas, além da elaboração de mapas e gráficos. Conclui-se que existe uma diferenciação estrutural de gênero na construção do território estudado, influenciando os impactos ambientais e dimensões corporais. Destaca-se a importância do protagonismo feminino na defesa dos territórios como um movimento de enfrentamento direto ao grande capital, em prol da dignidade das comunidades e famílias afetadas.