DAS ÁGUAS PARA A CIDADE E DA CIDADE PELAS ÁGUAS: mudanças e permanências em Maracanã/PA, uma cidade ribeirinha-costeira do Salgado Paraense
Cidade. ribeirinha-costeira. Mudanças. Permanências. Espaço costeiro. Ribeirinidade
Esta pesquisa traz como tema: a relação da cidade com o rio e o espaço costeiro na Amazônia paraense. Como objeto de estudo aponta a produção do espaço urbano a partir da relação cidaderio e o espaço costeiro. O lócus de investigação é Maracanã/PA, uma cidade ribeirinha-costeira de colonização antiga da Amazônia paraense, que teve sua dinâmica alterada ao longo do tempo por diferentes processos de modernização territorial. É um núcleo urbano atrelado ao padrão de organização do espaço amazônico rio-várzea-floresta (GONÇALVES, 2015), com sua dinâmica econômica ligada ao passado e as vias fluviais, revelando a articulação da cidade com uma temporalidade não totalmente assimilada pelas novas atividades e modos de vida implantados recentemente. Diante disso, o objetivo central é analisar as mudanças e permanências socioespaciais manifestadas na relação da cidade de Maracanã com o rio e o espaço costeiro, face às dinâmicas territoriais das estradas, da modernização pesqueira, do turismo e das Unidades de Conservação (UC). A questão norteadora busca saber: como tem ocorrido a produção do espaço urbano na cidade de Maracanã, considerando-se a dialética das mudanças e permanências socioespaciais ribeirinha intrínseca a relação cidade-rio e o espaço costeiro, face às dinâmicas territoriais, derivadas da ação do Estado e do interesse do capital? A hipótese principal sustenta que, no processo de coexistência das mudanças e permanências socioespaciais intraurbanas, a dinâmica ribeirinha-costeira de Maracanã/PA continua produzindo um espaço de resistência com características amazônicas, próprias da dinâmica que a cidade estabelece como rio e o espaço costeiro. Isso tem se dado mesmo diante da modernização territorial transformadora que advém da ação do Estado e do interesse do capital, como a abertura da PA-127, da modernização pesqueira, do turismo e da Unidade de Conservação (UC) Reserva Extrativista Maracanã, institucionalizada no município. Como teoria de base utiliza-se a produção social do espaço, na perspectiva lefebvriana, bem como sua aplicação aos estudos da urbanodiversidade regional, com uso de técnicas de pesquisa qualitativa. Como resultado desta investigação comprovou-se a hipótese apontada, inicialmente. Assim, a cidade de Maracanã continua produzindo um espaço de resistência com características amazônicas, as quais Rente Neto e Furtado (2015, p. 159) denominaram de “ribeirinidade”, própria da dinâmica que a cidade estabelece como rio e o espaço costeiro. Desse modo, o rio Maracanã no espaço costeiro continua tendo grande importância socioeconômica e cultural, embora a cidade possua, atualmente, um caráter bimodal de transporte, tendo a estrada como via mais utilizada. Portanto, a cidade de Maracanã continua mantendo forte relação como rio e o espaço costeiro e manifestando características de uma autêntica cidade ribeirinhacosteira, pela sua localização; pela gênese histórica; pela forte relação com seu entorno próximo; pelos valores; pelos hábitos cotidianos e pela dinâmica econômica atrelada as atividades tradicionais, por meio do rio.