“IMPACTOS DO EMPREENDIMENTO HIDRELETRICO BELO MONTE NA VILA SANTO ANTONIO E COMUNIDADE BABAQUARA, MICRORREGIÃO DE ALTAMIRA – PA”
Amazônia; hidrelétrica Belo Monte; espaço; lugar; pertencimento
Nesta dissertação, buscou-se compreender o processo de transformação do espaço
agrário da Comunidade Babaquara e da vila Santo Antônio, enfatizando as perdas em
relação ao sentimento de pertencimento do lugar. Para tanto traçou como objetivos
específicos: 1. Resgatar a história das famílias em relação ao lugar e aos modos de vida;
2. Caracterizar a produção do espaço vivido pelos moradores do lugar; 3. Identificar os
elementos de mudança nos modos de vida das famílias impactadas, e; 4. Verificar as
perspectivas das famílias com as mudanças em função dos efeitos do empreendimento
em seus cotidianos. A Comunidade Babaquara, localiza-se na área rural de Altamira e a
vila Santo Antônio, pertencia ao município de Vitória do Xingu. Ambas tiveram sua
formação espacial vinculada a colonização da região (dirigida e espontânea). Foi
possível constatar com a chegada do empreendimento que os lugares da vila e da
comunidade sofreram transformações drásticas com consequenciais nos seus modos de
vida das famílias residentes. Metodologicamente, foram realizados levantamentos
bibliográficos e documentais junto ao IBGE, INCRA e CEPLAC, aplicação de
formulários com vinte e quatro famílias, sendo doze moradores da comunidade
Babaquara e 12 ex-moradores da vila Santo Antônio. A Comunidade Babaquara
apresenta os problemas vividos pelos moradores que ficam tanto na parte de terra firme
quanto na beira do rio. Pois, no final de 2014 foram visitados por representantes da
Norte Energia e comunicando que seriam indenizados somente pela cota cem, ou seja,
pela área que alaga no período chuvoso e teriam que permanecer no restante do lote se
assim quisesse o que não era incialmente o que estava previsto nos documentos oficiais.
Deste modo, faz-se o esforço em pesquisa para delinear as consequências as famílias
que estão tendo seus modos de vida alterados, destacando o fato de que permanecem no
lugar de origem, mas necessitando reestrutura seus sistemas de produção devido a
paralização por três ciclos agrícolas em função da intervenção do empreendedor na
comunidade. No caso da vila Santo Antônio, tem-se como intenção primeira localizar
(mapear) os ex-moradores do lugar, de modo a verificar as principais causas em função
do não realocamento da vila como estava previsto e identificar quais são as pesperctivas
dessas famílias mediante a drástica mudança em suas vidas. Até o momento da
pesquisa, salienta-se que a população, em função das abruptas mudanças sociais com a
alteração da paisagem e inserção em novas atividades e/ou realidades, estranhas ao seu
estilo de vida na produção de um novo cotidiano, tem sofrido com a desestruturação
psíquica, uma deterioração na memória e a expansão das dificuldades de refazer os
hábitos e modos de vida da população local. No entanto assume-se que os impactos
sociais que afligem aos moradores dos espaços estudados são de difícil mensuração,
porém perceptíveis no decorrer da pesquisa. Deste modo, persiste na sistematização de
dados da pesquisa e nas reflexões sobre os impactos para que na versão final deste
trabalho sejam apresentadas as argumentações com respaldos contundentes acerca da
desestruturação vivida pelos ex-moradores de Santo Antonio e moradores de
Babaquara.