MODELAGEM AMBIENTAL NA FLORESTA NACIONAL DO JAMANXIM-PA: PROPOSTA DE CENÁRIO FUTURO
Floresta Amazônica. Prognóstico de desmatamento. Geossistema.
As áreas protegidas foram criadas essencialmente para a conservação da fauna e flora. Analisar suas dinâmicas socioambientais torna-se um desafio, e ao mesmo colabora para a compreensão da paisagem. O presente estudo tem como objetivo modelar cenários futuros a partir de técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento na Floresta Nacional (FLONA) do Jamanxim-PA, com base na classificação de uso da terra dos anos de 2013 e 2020. Analisar as variáveis independentes por meio da Inteligência Artificial. Aplicar o modelo do DINAMICA EGO usando o método de transição para simular trajetórias de desmatamento até 2030, baseado nas variáveis dependentes (cobertura e uso da terra 2013 e 2020) e variáveis independentes (altimetria, declividade, distância às estradas, distância à assentamentos e distância à hidrografia. Os altos índices de desmatamento nos limites das unidades de conservação, acarretam grandes perdas ambientais ao longo do tempo. Segundo o INPE, o estado do Pará apresentou a maior perda florestal dos estados da Amazônia brasileira em 2019, um total de 3.862 km2 , com uma taxa de aumento de 41% quando comparado a 2018. Através do modelo matemático é possível analisar “Onde” será desmatado; “Quando” será desmatado e quais as taxas de desmatamento; e “Como”, qual será a representação espacial das novas áreas de modificações, ou seja, como será o processo de desmatamento. Com base na dinâmica cobertura e uso da terra e dos elementos que compõem a paisagem, como por exemplo, as variáveis independentes, é possível realizar projeções futuras de desmatamento na FLONA do Jamanxim. Aborda-se teorias de autores representativos de diferentes correntes da Geografia, para conceituar espaço, paisagem e modelagem dinâmica. Na Geografia Física, parte-se dos conceitos de Bertrand. Para a Geografia Quantitativa tomou-se como base Waldo Tobler. A discussão da Geografia Crítica está baseada nos trabalhos de Milton Santos. E Soares-Filho para a modelagem dinâmica espacial. A metodologia foi dividida em três fases principais: 1- Processamento das imagens de satélite, utilizando-se o método de classificação supervisionada através do algoritmo de Máxima Verossimilhança; 2- Processamento das variáveis independentes; 3- Etapa considerada principal do estudo, que consiste na modelagem espacial no DINAMICA EGO. Como resultado da análise de cobertura e uso da terra, observou-se que houve redução de área de 112,51 km² (0,87%) de floresta primária, e aumento da classe mosaico de ocupações (desmatamento) com área de 393,53 km², equivalente a 3% de área desmatada. As principais atividades observadas foram: exploração florestal e mineração. Nota-se ainda, um padrão de desmatamento classificado como geométrico e regular, com atividades econômicas, como a agricultura, e principalmente monoculturas de grão e pecuária de média a larga escala, e estágio intermediário de ocupação. As variáveis independentes assumem o modelo GTP de Bertrand, para observar a dinâmica da paisagem. Observou-se que 0,28% da floresta primária foi convertida para desmatamento. Ou seja, de 2013 a 2020 o desmatamento está ocorrendo a uma taxa líquida de 28% ao ano. E há alta probabilidade de transição de floresta primária para mosaico de ocupações, e de exploração florestal para mosaico de ocupações ao norte e ao sul da FLONA do Jamanxim, áreas estas, que podem estar associadas a implantação de estradas (BR-163), e aos projetos de assentamentos PDS Brasília e Projeto Vale do Jamanxim, que consequentemente podem causar impacto à resiliência da paisagem. Com base na modelagem e análise de cenários futuros, verifica-se que pode haver perda de 198,79 km² da classe floresta primária, e aumento considerável de desmatamento de 155,20 km² até 2030. O mapeamento deste estudo, pode apoiar ações das políticas públicas, por meio da análise de impactos de leis e identificação de áreas prioritárias para ação governamental na FLONA do Jamanxim. Com base na modelagem espacial, em conjunto com os planos de comando, controle e monitoramento, é possível orientar o desenvolvimento socioambiental, econômico e cultural nesta UC, para manutenção e conservação dos bens naturais.