“...Oh, pedaço de mim Oh, metade exilada de mim...” Conjunções de Amor & Dor numa interpretação antropológica
amor, dor, gênero
O amor desperta nas pessoas lembranças, sentimentos e emoções prazerosas, associadas a histórias romanescas, mas também suscita memórias dos conflitos que permeiam as relações amorosas. Cotidianamente, o amor é vivido e narrado não apenas a partir do belo, mas, muito, em função dos conflitos que produzem desarmonia, e a dor. Este estudo que busca discutir a relação entre indivíduo e sociedade a partir do olhar das emoções abordando o amor e a dor com significados distintos ou não para homens e mulheres. A pesquisa apresenta como homens e mulheres sentem as emoções, desconstruindo que o sentimento de amar é apenas uma “ocupação” na vida dos homens e a “própria vida” para as mulheres, mesmo havendo o processo silenciador cultural para o masculino. Mediante o complexo cultural, os homens tanto quanto as mulheres sofrem por amor e sucumbem a dor de amar. Logo, se amar e sofrer é um fenômeno feminino, alguns homens também podem apresentar este comportamento, assim como também ambos os gêneros podem tentar se proteger, e evitar a dor. Desta maneira é relevante pensar como a sociedade ensina a ideia de feminino e masculino, entre outras coisas, através do processo contínuo de socialização, a partir das práticas educativas sendo esperado culturalmente que o feminino esteja associado ao amor, aos “valores do coração”, e ao masculino como ser sexual. O peso cultural demarca essa realidade assimétrica fazendo parecer que lidar com sentimentos é ‘coisa de mulher’, quando na verdade a questão é para ambos os sexos, posto que a relação se dá dentro da díade. O estudo se volta para mulheres e homens, heterossexuais e homossexuais, jovens e adultos, privilegiando depoimentos sobre a vivência do sentimento de amor e o desencadear da dor neste processo que possibilitará a observação de como as pessoas se relacionam, quais elementos as aproximam, as separam e como se dão as relações amorosas. Portanto, o objetivo desta tese, é discutir os discursos feminino e masculino em vivência de amores e dores de amor, as tentativas dos sujeitos de se recuperar da dor por vários caminhos, que vão da instancia do sobrenatural às terapias de grupo.