A FORMAÇÃO DA FRENTE PARLAMENTAR DA AGROPECUÁRIA E SUA ATUAÇÃO EM PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE INTERESSE DO AGRONEGÓCIO
Grupo de Interesses; Ruralismo; Frentes Parlamentares; Barganha e Organização.
O Brasil vem passando por um processo acelerado de desindustrialização, nos últimos anos, isso em decorrência de uma crise política, econômica e sanitária. Em contraste a isso, o setor do agronegócio está vivendo uma das suas melhores fases, uma vez que, passou a ocupar uma posição privilegiada na esfera política nacional. No entanto, para que possamos entender como este setor conseguiu tamanho êxito político, precisamos analisar a sua organização política. Vimos que são poucos os estudos sobre tal fenômeno, em especial sobre a bancada ruralista e sobre a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), com enfoque da ciência política, produzidos no Brasil. Os estudos existentes são herdeiros de uma tradição teórica que levou o individualismo metodológico ao extremo e, além disso, tais estudos analisam o sucesso e a influência política da bancada ruralista a partir do seu comportamento dentro das instituições, apenas, sem levar em consideração as questões que permitiram aos representantes políticos do setor, transformarem-se em atores relevantes no contexto político. Aliado a isso, frequentemente partem de viés analítico baseado em teorias sobre grupos de interesse e de pressão que possuem incongruências metodológicas que impossibilitam uma análise mais acurada sobre as especificidades da temática. Diante disso, o presente estudo propõe um retorno ao caso concreto e específico do setor ruralista nacional, considerando todo o processo de desenvolvimento econômico do mesmo, para que possamos compreender melhor a natureza da FPA, os fatores que explicam a sua organização, o seu protagonismo político e o seu comportamento político na Comissão Parlamentar de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento e Abastecimento Rural (CAPDAR), comparando-a ao modelo tradicional de organização. O nosso argumento é de que o desenvolvimento do potencial econômico do agronegócio, patrocinado pelo Estado, foi responsável pelo desenvolvimento do poder de barganha política que os representantes do agronegócio têm, atualmente, junto aos Poderes Legislativo e Executivo Federal.