PERFIL SÓCIO-POLÍTICO DAS REPRESENTANTES ELEITAS PARA O PARLAMENTO EM MOÇAMBIQUE (1994-2014)
Perfil, mulher, representação política, eleição em Moçambique.
Em consequência dos impactos da democracia que se fez sentir nas últimas décadas por
quase todo mundo, constata-se um alargamento dos espaços que possiblitam uma maior
participação política dos cidadãos em todos os níveis. Equitativamente, decorreram integrações
de novas perspetivas de participação política dos cidadãos, dentre elas, perspetivas direcionadas
para fatores de gênero, como uma forma de integração e diminuição da disparidade do gênero
na esfera política. Nesse sentido, o presente trabalho de pesquisa objetivou analisar quais
aspectos do perfil sociopolítico impactam para a eleição das mulheres ao parlamento em
Moçambique. Buscou com o estudo identificar o perfil das mulheres que se elegem Deputadas
para a Assembleia da República, numa análise de quatro legislaturas, desde a primeira eleição
multipartidaria, de 1994, 1999, 2004 e 2014. A pesquisa de certo modo procurou evidenciar a
relação existente entre o perfil socioprofissional e político das parlamentares e a influência do
sistema eleitoral e partidário no âmbito moçambicano para eleição dessas mulheres,
concernindo as instituições como legítimos canais das escolhas da sociedade, como um todo.
Como recurso metodológico é visto como uma pesquisa quali-quantitativa, utilizou a base de
dados sobre o currículo das mulheres onde se extraiu variáveis relativos a: formação
educacional, profissão, identificação partidária, sexo, idade, estado civil. Visando entretanto
evidenciar se existe um perfil sociopolítico que explica a participação e representação das
mulheres para a Assembleia da República de Moçambique. Averigua-se para uma realidade
não muito distante daquilo que tem sido arrolada por várias pesquisas, sendo a preferência por
representantes homens não depender necessariamente da diferenciação do perfil sociopolítico,
pois para ambos sexos se assemelham. Porém, a eleição de mulheres para Deputadas da
Assembleia da República de Moçambique tende a depender de ser membro dos partidos
tradicionais, principalmente dos que servem de base de apoio para o executivo; ter experiencia
ou trajetória política (ocupar cargos públicos e/ou partidários). E de referenciar a importância
das cotas, visto que o Partido Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), é o partido
que mais elege mulheres e é o único que aderiu cotas partidárias voluntárias.