CARTOGRAFIA DE AFETOS NA ENCANTARIA: Narrativas de Mestre da Amazônia Bragantina
Cosmologias Afroindígenas; Ritos; Memórias; Amazônia Bragantina.
Neste texto objetivo compreender ritos de iniciação, in(corpo)ração e cura em memórias de exorcista, pajés e mães-de-santo na “Amazônia Bragantina”, nordeste do Pará. Com base na perspectiva metodológica da cartografia, ao cruzar vivências etnográficas orientado pela Antropologia Social, com narrativas orais sob o prisma dos Estudos Culturais e Pós-colonialismo, procuro interpretar experiências de trânsitos culturais de cearenses, maranhenses, piauienses e paraenses em “cosmologias de contato” de matrizes africanas e indígenas no interior de “terreiros” de mães de santo e pajés que cronologicamente reconstituem histórias compartilhadas a partir da década de 1950. O processo de “feitura”, “doutrina” e “viração” desses religiosos, além de fazer emergir lembranças que remontam histórias de vida e/ou experiências migratórias de tempos imemoriais e históricos, indicam a capacidade que seus corpos desempenham na arte de comunicação e cura agenciados pela intervenção de encantados do ar, água e floresta. A trajetória desses “guias” ou “lideranças religiosas” desvelam relações de tensa negociação na constituição de autoridade e aceitação social, permitindo, nesse sentido, apreender a matriz afroindígena como uma importante e significativa expressão do modo de viver na Amazônia.