As Condicionantes da UHE de Belo Monte e o Desafio das Políticas Públicas de Saúde no Município de Altamira/PA
Usina Belo Monte, Condicionantes, Epidemiologia, Amazônia
Dentro do cenário atual de busca por fontes de energia a Amazônia se destaca por ter um grande potencial hídrico e com as caraterísticas ideais para a implantação de usinas hidrelétricas para suprir as demandas energéticas do país. As peculiaridades locais com doenças endêmicas e sistema de saúde deficiente, dentro de uma nova realidade com as frentes migratórias, nos fez estimar as prevalências de Malária, Dengue e Leishmaniose tegumentar no período de 2010 a 2017 no município de Altamira/PA e buscar saber se as condicionantes de saúde, compromisso firmado pela Norte Energia e o Governo Federal para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte na região do Xingu, alteraram o perfil epidemiológico dessas doenças. Foram coletados os dados da Malária, Dengue e Leishmaniose tegumentar no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), nos bancos de dados da Secretaria de Saúde do município de Altamira. Para análise foi utilizada a distribuição temporal e espacial dessas doenças, utilizando-se como ferramenta a Análise de Séries Temporais. Em 2010 foram registrados 1.849 casos de Malária, em 2017 o número caiu para zero, e esta diminuição foi atribuída ao Plano de Ação para Controle da Malária (PACM). A Dengue teve 1.330 casos confirmados em 2010 e em junho de 2017 decaiu o número de casos para 17. A Leishmaniose tegumentar foi a única doença que se manteve constante, apresentando, em 2010, 62 casos e em maio de 2017, 17 casos. A Dengue e a Leishmaniose tegumentar não tiveram ações de controle e monitoramento específicos como a Malária, que recebeu investimento financeiro para controle, sendo executadas apenas ações preventivas de rotina no município. A Malária é considerada uma doença controlada em Altamira, porém municípios vizinhos a obra como Pacajá está com números de casos crescentes, visto que em 2015 foram notificados 345 casos, em 2016, 460 casos e até 24 de agosto de 2017, já haviam sido notificados 437 casos, logo precisa estender as ações de controle e monitoramento aos municípios vizinhos e dar continuidade por mais alguns anos. Apesar de a Dengue ter redução em número de casos é uma doença considerada negligenciada junto à Leishmaniose, tanto pelas condicionantes de saúde propostas pelo empreendedor, como pela ausência de políticas públicas municipais e estaduais ou pela ineficiência dessas políticas voltadas para o controle dos mosquitos transmissores.