As condicionantes da UHE de Belo Monte e o desafio das políticas públicas de saúde no município de Altamira/PA. 2016
UHEBM, Epidemiologia, Condicionantes de saúde
Esta tese objetiva analisar o cumprimento das três condicionantes de saúde, associadas às políticas públicas voltadas à população do município de Altamira, como medidas compensatórias ou mitigadoras em virtude da implantação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (UHEBM). Para isso, analisei a situação epidemiológica no período que antecede a implantação do canteiro de obras, de 2010 até 2015, a fim de saber se houve interferência do empreendimento na epidemiologia da malária, dengue e leishmaniose tegumentar em Altamira. Também estou realizando um estudo de caso no Baixão do Tufi, um dos bairros mais atingidos pela barragem, com o propósito de observar a condição de vida das pessoas antes e depois da expropriação no que tange à saúde e moradia. Como metodologia, utilizei as abordagens quantitativa, com análise estatística de séries temporais, e qualitativa, utilizando entrevistas, documentários, fotografias e análises de documentos. As entrevistas de caráter informal e exploratória foram realizadas no período de janeiro de 2015 e janeiro de 2016, em Altamira e Belém, com a finalidade de dar voz aos atores diretamente relacionados com a polêmica UHEBM. Foi constatado que houve interferência da implantação da UHEBM na epidemiologia da malária, a única condicionante cumprida integralmente. A partir desta pesquisa, posso sugerir que as ações preventivas e de controle, que normalmente deveriam estar presentes por meio das políticas públicas estaduais e municipais, não satisfazem as necessidades do município, ou são ausentes na cidade. Porém, o cumprimento da condicionante pela Norte Energia (NESA), referente à malária, mostrou expressivo resultado beneficiando a população, que foi tratada e resguardada de novos casos. Deve ser salientado, todavia, que o monitoramento deveria ser contínuo para evitar o aumento do número de casos