Da denúncia ao aditamento: uma etnografia das práticas de Estado a partir das narrativas sobre crimes de emasculação em Altamira/PA
antropologia das práticas de estado; poder; emasculação; violência; narrativa
Entre os anos de 1989 e 1993 em Altamira/PA, vários meninos tiveram seus órgãos sexuais extirpados em episódios de violência conhecidos como o “Caso dos Meninos Emasculados de Altamira”. Cinco pessoas foram inicialmente acusadas pelos crimes e a Justiça pública compreendeu que se tratava de delitos em série, praticados em contexto de “magia negra ou ritual satânico”. Nesta pesquisa busco compreender de que maneira os agentes do Estado produziram narrativas acusatórias, baseadas em “fatos considerados mágicos”, para justificar as violências. A partir de uma perspectiva processual e histórica da antropologia, procuro analisar o racismo, a homofobia e a intoler ncia religiosa, como elementos principais para a acusação dos réus, levando em consideração a compreensão de verdades jurídicas enquanto práticas de Estado e construções de regras que possuem efeitos de poder.