A Doença Falciforme na Amazônia: As Intersecções entre Identidade de Cor e Ancestralidade Genômica no Contexto Paraense
Amazônia; Raça; Cor; Ancestralidade Genômica; Identidade Social.
A Doença Falciforme (DF) é a doença genética mais prevalente em todo o mundo. Na Amazônia, a Hb*S (grupo homozigoto Hb*SS) ocorre em cerca de 1% da população, que convive com desafios cotidianos em relação ao acesso aos serviços de saúde, à vulnerabilidade biossocial e aos estigmas relacionados à “Raça/Cor” dos indivíduos acometidos pela síndrome. Este trabalho pretende investigar as categorias biológica (genética) e cultural (raça/cor) entre os interlocutores diagnosticados com a doença, confrontar as intersecções (conexões) entre a Identidade Social (IS) de Raça/Cor versus a Ancestralidade Genômica dos participantes com DF em contraponto à sua condição biossocial, com histórias de vida e particularidades que englobam a questão do racismo em torno da doença. A pesquisa investigará um grupo de 100 pessoas com Hb*SS no Estado do Pará. Serão coletadas amostras de sangue no Hemocentro Regional do Pará (Hemopa/Belém) e realizados testes de ancestralidade genômica autossômica (AG) dos indivíduos no Laboratório de Genética Humana e Médica (LGHM) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Simultaneamente, será realizada uma pesquisa etnográfica com entrevistas semiestruturadas com os mesmos indivíduos, após a entrega do resultado do teste de AG. O estudo tem sua relevância embasada na identificação do processo de racialização da DF como um Determinante Social da Saúde (DSS), especialmente considerando que esta comporta elementos biológicos e socioculturais, sendo ainda concebida como uma “doença que vem do negro” no Estado do Pará. Na Amazônia, a DF ainda carece de uma análise conjunta biocultural e de ancestralidade genômica uma vez que os indivíduos com HB*SS estão imbuídos em um universo étnicorracial ainda pouco estudado nos grupos humanos com doenças genéticas.