Análise intersetorial do processo migratório dos indígenas venezuelanos Warao refugiados em Belém
(Pará, Brasil): Experiências de vida e saúde
migração forçada, saúde, multiescala, fronteira, ecossistema, bioantropologia.
A Venezuela enfrenta uma crise humanitária que se reflete em suas altas taxas de emigração que começaram a ser alarmantes entre 2016 e 2017. Porém, dentro desse fluxo migratório que chegou ao Brasil existe forte presença indígena, na maior parte da etnia Warao, quem começaram vir desde 2014. No Estado do Pará, as famílias Warao convergem principalmente no município de Belém; porém, ressai que numerosas delas chegaram à capital com condições alarmantes de adoecimentos. Nesta dissertação propõese discutir a questão da saúde no contexto migratório e propõe-se polemizar a saúde pensando nela como um aspecto da vida humana que é multifatorial, assim como a migração. Nessa abordagem retoma-se o significado de multiescala vindo de propostas que têm sido auxiliadas pelo pensamento sistêmico na compreensão de um problema, onde são buscadas as relações de interdependência que configuram diferentes facetas ligadas a diferentes aspectos da vida em migração. Apresentam-se os aspectos sociais, políticos e ecológicos que marcaram a pegada deste grupo indígena migrante transfronteiriço em seu deslocamento forçado. Esta análise destaca o valor e alcance das narrativas destes migrantes e aborda-se a necessidade de interpretar criticamente os depoimentos. A interpretação crítica das experiências narradas busca encontrar os significados nelas ocultos, além de revelar contradições entre as subjetividades e as decisões e planos oficiais do governo para com a saúde. Pretende-se gerar informações que possam ser articuladas com os esforços das equipes socioassistenciais e da sociedade civil, para fortalecer as estratégias de saúde para os Warao que decidirem ficar em Belém nos abrigos do município ou de forma autogestiva.