Atenção Psicossocial em Belém: uma Etnografia na República Terapêutica de Passagem, um serviço substitutivo à internação de pessoas com transtornos mentais que tiveram um conflito com a Lei em Hospitais-Presídios
História da loucura; Reforma psiquiátrica; Assistência à saúde; Tratamento humanizado.
Historicamente, a representação social da loucura passou por modificações. Os séculos XV e XVI tomavam-na como parte constituinte da condição humana. Nos séculos XVII e XVIII, se propunha um modelo de internação em que os ditos loucos eram recolhidos em espaços cujo formato era o enclausuramento. Os hospitais gerais visavam não ao tratamento, mas à vigilância e à punição. Essa prática de internação se prolongou na prática de hospitalização no fim do século XVIII e no século XIX. Já no século XX, a reforma psiquiátrica iniciou seu movimento de luta por meio de denúncias aos manicômios. Passou-se a se pensar na construção de serviços que fossem inclusivos e promovessem a dignidade das pessoas com transtornos mentais. Diante disso, este projeto aborda em seu escopo uma investigação histórica da loucura e o percurso da reforma psiquiátrica no Ocidente, especificamente no Brasil e no estado do Pará. Ademais, contempla as políticas públicas de saúde mental que se voltaram para a promoção de uma assistência que possibilitasse o resgate da humanidade dessas pessoas, especificamente daquelas que tiveram um conflito com a lei. Espera-se, destarte, oferecer perspectivas de implementação de serviços substitutivos à internação prolongada que visem ao restabelecimento de vínculos familiares e sociais.