Tecituras entre mercado e artesanato: como a Amazônia paraense se transforma no contato com projetos de design e artesanato, o caso do artesanato em Jupati - São Sebastião da Boa Vista-Marajó/PA
Design; Economia criativa; Cultura material; Marajó das Florestas.
A experiência de 15 anos em consultorias na área de design e território pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará- SEBRAE-PA despertou a necessidade de entender quais os impactos econômicos e socioculturais que projetos dessa natureza acarretam a comunidades tradicionais. Para tanto trago como estudo de caso, minha relação como designer junto aos artesãos do município de São Sebastião da Boa Vista – Marajó das Florestas1 – Pará, que trabalham com o jupati (Raphia Taedigera), palmeira nativa da flora amazônica em aspecto de touceira. Nesse sentido a tese pretende identificar com base na etnografia da trajetória de 12 anos de entrelaçamentos entre design-artesanato, saberes fazeres tradicionais e acadêmicos, memórias, estéticas e modos de ser e viver, como projetos desta natureza trazem resultados esperados às comunidades artesãs, o papel do designer nessa produção de cultura material, e que impactos surgem desse processo. Cada Tecitura (capítulo) será urdida pela fotoetnografia, cartografia e história oral. A tese será subdividida em quatro tecituras. A primeira apresenta meu primeiro contato com os artesãos e seus saberes fazeres, a partir da apresentação do projeto Turismo Amazônia no Marajó – SEBRAE PA, as ações desenvolvidas nos dois anos de projeto. A segunda traz meu reencontro com o grupo depois de cinco anos de finalização do projeto do SEBRAE, toda a relação tecida nos dois anos do mestrado, aprofundamentos e desdobramentos da pesquisa e o retorno do grupo aos projetos do SEBRAE. A terceira apresenta os dois principais projetos em parceria com os artesãos, “Mulheres da fibra de jupati: tecendo a vida com arte” (MINC) e “Memória e cotidianidade do Marajó das Florestas em mobiliário de jupati” (PROJETO SEIVA -FUNDAÇÃO CULTURAL DO PARÁ), e os desdobramentos resultantes deles. A quarta reflete o hoje dessa comunidade após 12 anos de entrelaçamentos, a cultura material e a relação entre design e artesanto, a partir do olhar de artesãos, designers e gestores do SEBRAE que estiveram entretecidos nesse processo. Para então afirmar que projetos dessa natureza precisam ser pensados de forma coletiva desde sua construção, entendendo as necessidades em conjunto com as comunidades artesãs, pois cada artesania tem suas cosmologias, estéticas e processos produtivos, que envolvem atores sociais imersos em cenários socioculturais heterogêneos que precisam ser respeitados.