Trabalhadores da madeira, extrativismo madeireiro, relações sociais de trabalho, Marajó.
Desde a segunda metade do século XIX até os dias atuais, a extração madeireira (legal ou ilegal) apresenta-se como importante atividade econômica da parte ocidental da região marajoara. Assim, neste estudo, descrevo as principais características das formas de organização social do trabalho vivenciadas por estes homens das matas e rios marajoaras no que diz respeito ao processo extrativo da madeira. Coloco-me, portanto, a tarefa de abordar quem são os trabalhadores da madeira no Marajó, e quais laços históricos, simbólicos, políticos e culturais de sua relação social com a natureza nos permite considerá-los uma população tradicional amazônica. Neste sentido, realizei levantamento bibliográfico de variadas fontes documentais, estatísticas e literárias que fornecessem o contexto histórico do fenômeno, aliada a observação etnográfica e registro de relatos orais de antigos e atuais trabalhadores do setor madeireiro que habitam as margens do rio Mapuá, no município de Breves-Pa, entre os meses de Abril de 2014 e fevereiro de 2015. Por conseguinte, constato que os processos de trabalho realizados por estes homens com base nas particularidades da paisagem que habitam, no uso de técnicas tradicionais e tecnologias simples produtos do próprio ecossistema, aliados à um sistema de representações sociais próprio em relação à natureza circundante, compõem um quadro identitário singular, que enquanto categoria de nomeação pode ser explicitado sob a forma de um “sistema tradicional de organização social”.