Pandemia, “Feras” & Gênero: os efeitos sociais e econômicos da COVID-19 em Bissau (Guiné-Bissau)
COVID-19. Economia urbana. Feras. Gênero. Trabalho
As feras na Guiné-Bissau são fenômenos muito importantes na vida econômica e social do país. Uma vez que, são locais de compras e vendas de mercadorias, espaços públicos, plurais privilegiados nos quais se desenvolvem séries de relações sociais, como de emancipação feminina, pontos de comércio, de encontros e reencontros, de arte, de histórias e de vivências. Deste modo, esta tese objetiva-se descrever a partir de uma perspectiva antropológica a situação de trabalho de feirantes, mulheres guineenses que atuam nas três principais feras: Bande, Caracol e Bairro Militar, todas em Bissau, Guiné-Bissau, antes, durante e pós pandemia. Para coleta dos dados, utilizei o método de caráter interdisciplinar, privilegiando as análises dos depoimentos, fotografias, entrevistas concedidas às empresas de comunicação nacional e internacional com as seguintes categorias: situações de trabalho na pandemia; condições e novas estratégias de organização do trabalho; relatos de violências pela reclusão doméstica, medo e inseguranças alimentares. Os resultados preliminares obtidos nesta busca antropológica apontaram seguintes questões: a) as mulheres feirantes das três feras, na cidade de Bissau, são muito diversos no que se refere à idade, escolaridade e renda; (b) as feirantes apresentam categorias de trabalho distintas em termos de produtos de venda; (c) a fera de bande, caracol, e fera de bairro militar, têm estruturas diferentes, o próprio espaço de venda, as infraestruturas, horários de abertura e fechamento, etc.; (d) os dados acessados indicam a presença de crise de cunho social, econômico, sanitário e político no país; (e) aumento da pobreza, mulheres em situações de maior vulnerabilidade pela exposição nas ruas durante a pandemia. Mulheres integrantes desta pesquisa, feirantes, antes da pandemia, são sujeitos que contribuem direta e indiretamente para a economia local e nacional na Guiné-Bissau. Trata-se de um estudo etnográfico cujos resultados preliminares apontam que a chegada de pandemia impactou negativamente as atividades de venda efetuadas pelas mulheres nas principais feras de Bissau, também, reforçou as desigualdades de gênero e gerou mais sobrecarga física e psíquica.