MUSEU COMUNITÁRIO NO BAIRRO DA TERRA FIRME: IMAGENS, VOZES E EXPERIÊNCIAS ETNOGRÁFICAS
Terra Firme. Museus Comunitários. Ponto de Memória.
Os museus emanados a partir das perspectivas da museologia social partem de construções coletivas que utilizam de ações e atividades para a aproximação entre o museu e a comunidade representada. O Museu Comunitário, categoria a ser trabalhada na pesquisa, é tido como um processo em construção de mobilização, identificação, ação e cidadania, na qual a comunidade se faz sujeito no ato de formular, executar e manter o museu. O bairro da Terra Firme, Belém-Pa, é marcado por um processo de lutas e reivindicações sociais constantes em que os moradores são motivados pelas suas necessidades, principalmente pelo descaso do poder público, a traçarem estratégias políticas a fim de garantirem direitos básicos, como saúde, educação e moradia digna. Em meio a esse processo surge o projeto Ponto de Memória da Terra Firme de iniciativa comunitária que adota a museologia social como principal ação transformadora no bairro. Com o apoio do Instituto Brasileiro de Museus e do Museu Paraense Emílio Goeldi o projeto objetiva transformar-se em um Museu Comunitário do bairro da Terra Firme. A partir de uma análise teórica por meio da Antropologia Social o estudo que segue é a parte inicial da minha dissertação de mestrado que procura analisar o processo de construção coletiva de um Museu Comunitário no bairro Terra Firme a partir das perspectivas do projeto Ponto de Memória. Nesse primeiro momento parto da minha participação como consultora e conselheira do projeto,no período de 2009 a 2013, para iniciar a análise; como também, a etnografia feita durante o evento denominado IV Teia da Memória, ocorrido em novembro de 2014, onde procurei realizar a minha primeira etapa de campo acompanhando o posicionamento do Ponto de Memória da Terra Firme no contexto nacional de museologia social e principalmente observar as impressões tidas pelos sujeitos de minha pesquisa a partir da minha atuação como pesquisadora, uma vez que estive presente no processo de implantação do museu como militante com o grupo de criação do Ponto de Memória da Terra Firme. Desse modo, o estudo segue reconhecendo que a Terra Firme é apoiada por políticas que defendem o direito à memória, movidas por esse movimento instigante dos Museus como espaços de ações, representações e atuações dos agentes sociais onde o mesmo se faz presente, que a comunidade vem buscando voz e direitos por meio de ações museais para transformar a sua realidade, a partir da autodeterminação e fortalecimento da sua comunidade.