Populações indígenas pré-históricas do Baixo/Médio Rio Xingu, PA: estudo de indicadores biológicos, químicos e culturais
Análise isotópica, arqueologia pré-histórica, padrões alimentar, estruturas funerárias
Este trabalho visa contribuir com o conhecimento científico sobre a ocupação indígena pré-histórica da região da Volta Grande do Rio Xingu, região amazônica pouco conhecida do ponto de vista arqueológico. Para isso foram utilizados materiais arqueológicos provenientes de sítios escavados no âmbito do licenciamento ambiental da Usina Hidrelética de Belo Monte, que gerou um acervo com mais de três milhões de peças. A análise do material arqueológico, bem como as datações radiocarbônicas apontam para uma ocupação antiga, iniciada há mais de 10 mil anos com grupos que não confeccionavam artefatos cerâmicos, grupos que desenvolveram a tecnologia cerâmica por volta de cinco mil anos atrás e, mais recentemente, o aparecimento de grandes sítios com Terra Preta Antropogênica, sepultamentos relativamente bem preservados e cerâmica com decoração plástica finamente elaborada, associada aos estilos Koriabo, Arauquinóide e Tupiguarani. Pesquisas e relatos etnográficos apontam que a região é ocupada por grupos falantes de três línguas: Tupi, Karib e Jê, porém, estas duas últimas apenas mais recentemente e podem estar relacionadas ao processo de contatos com sociedade colonizadora. Os próximos passos da pesquisa serão realizar análises macroscópicas e química isotópica dos ossos humanos e de fauna identificados nos sítios arqueológicos para entender o padrão alimentar destes grupos e a análise dos gestuais funerários para, a partir destes elementos, construir uma tese sobre a ocupação do baixo/médio Xingu no último milênio.