Ser Maruja de São Benedito: Identidade e Ritual na Marujada de Bragança-PA
Identidade, Ritual, Marujada, Bragança.
As festas religiosas no Brasil possuem diversas dimensões que são indissociáveis, geralmente são festas de devoção a um santo. A festa pode ser vista como um evento que contém relações subjetivas, onde os sujeitos colaboram mutuamente, estabelecem relações de confiança e repassam geracionalmente as tradições, com características culturais próprias. A Festa de São Benedito, em Bragança-PA, privilegia as diversas dimensões da vida social dos (as) bragantinos (as), possuidora de vários rituais com os quais se identificam fortemente, como o ritual da Marujada, que é um conjunto de danças onde mulheres e homens vestidos (as) com trajes especiais dançam em louvor a São Benedito. A dança é coordenada a partir de uma mulher com papel central chamada de Capitoa, personagem de máxima importância do ritual. Este rito tem suas raízes ancoradas em elementos da cultura africana, e na modernidade tornou-se uma das maiores expressões da cultura bragantina, apresentando atualmente um grupo heterogêneo, tanto pelo aspecto religioso quanto pelo cultural. Considero o processo de identificação com a Marujada a partir da perspectiva de que as identidades são fluídas, e estão em processo de construção, assim como, as festas como espaços simbólicos e de recriação do mundo. Proponho analisar o ritual da Marujada e seu universo simbólico, tentando compreender o processo de construção social da identidade das mulheres que participam da Marujada; ritual que há 217 anos possibilita muitos encontros no mês de dezembro, vestidas com seus vistosos trajes de dança e com os pés descalços, seguindo e obedecendo ao comando de uma mulher, a Capitoa, para realizar uma dança em louvor a São Benedito, o Santo Preto. Revelando o protagonismo feminino na Marujada de Bragança, porém dialogando com outras perspectivas nas quais as mulheres são pensadas no contexto das festas religiosas, e também em outras Marujadas. Como suporte teórico, utilizarei o conceito de Festa, Ritual e Identidade, como parte da pesquisa de campo que também será realizada na cidade de Bragança-PA, onde conectarei a teoria acadêmica com as teorias nativas, através da observação participante, no cotidiano e durante a Festa de São Benedito. Utilizarei o diário de campo para fazer o registro de dados, assim como outras ferramentas básicas para coleta dos dados, como gravador de áudio e câmera fotográfica, essenciais para registrar as entrevistas semi-estruturadas com as mulheres marujas, sujeitos desta pesquisa e guardiãs da tradição da Marujada.