Quilombos do Alto Rio Trombetas: sistema de uso comum dos recursos naturais e conflitos territoriais com a Mineração Rio do Norte e Agências do Estado
Quilombos, uso comum, mineração, conflito territorial
A presente tese propõe-se a compreender como as estratégias empresariais de reprodução do capital na Amazônia, realizam a destruição de lógicas de vida e trabalho de povos e comunidades tradicionais, ao desconsiderar seu modo de viver, fazer e criar, bem como a relação ecológica historicamente construída no território que ocupam. Focaliza-se o atual projeto de expansão de exploração mineral de bauxita da empresa Mineração Rio do Norte (MRN) sob territórios quilombolas no rio Trombetas: o Projeto Novas Minas. A descrição etnográfica do uso comum dos recursos naturais, contraposto à lógica neoliberal da exploração mineral e à noção de preservação ambiental “biologizada”, vigente em unidades de conservação decretadas pelo Estado, norteia a reflexividade que se tenta produzir. Enquanto pesquisadora quilombola, afetada pelas situações empiricamente observadas, identifico situações sociais configuradas em conflitos territoriais, por avançarem sobre os recursos naturais protegidos por práxis dos quilombolas. A intrusão no território pela empresa e a agência estatal (ICMBIO) interfere na titulação do território, favorece a desestruturação das formas de economia autônomas e de autogoverno, estratégias elementares aos modos de vida e existência social e cultural do grupo étnico e sua reprodução física e social.