Resistências Malungas: agências sociopolíticas de mulheres Quilombolas em Salvaterra, Arquipélago do Marajó - Pará
Quilombolas. Mulheres. Agência. Afrocentricidade. Feminismo Afrodiaspórico
O surgimento de novas etnias é uma realidade no Marajó contemporâneo, com particular ênfase nas primeiras décadas do século XX, quando grupos humanos passaram a reivindicar a identidade quilombola neste território. Neste trabalho sustentamos a premissa que os aquilombamentos de agora estão imbricados em agências femininas, pois fomos e somos as principais articuladoras de ações no âmbito do movimento quilombola nesta região, desde 1999. Aqui busco compreender, através da afrocentricidade e desde a perspectiva antropológica feminista (feminismo afrodiaspórico), as agências sociopolíticas das mulheres em processos de aquilombamentos contemporâneos no município de Salvaterra, na tentativa de localizar o lugar do feminino no campo do político em sociedades étnicas contemporâneas, espaços onde a identidade é um fenômeno eminentemente político e corporificado (corpo-político) e onde as pessoas se apercebem como sujeitas de direitos a partir de confrontações com Estado e outras instituições. Deste modo introduzo questões centrais como o deslocamento do ser individualizado para o ser coletivo, próprio à existência e experiência política através de um exercício autoetnográfico que é reflexo de experiências pessoais e coletivas no interior de um movimento étnico situado em um sistema de dominação cujos fundamentos são o racismo, o patriarcado, o machismo, o sexismo e o capitalismo.