“Aqui já morou muita gente”. Arqueologia e prática de pesquisa na Comunidade Quilombola de Cinco Chagas do Matapi
prática de pesquisa, comunidade quilombola, arqueologia contemporânea, diversidade cultural.
A arqueologia, como uma ciência que investiga o comportamento humano em sociedade a partir de seus vestígios materiais, tem se deparado com situações em campo que questionam o entendimento desta disciplina como voltada somente para o passado. Enquanto uma prática social e política, em seu processo de produção de conhecimento, deparam-se com reações e situações que envolvem interesses de públicos diversos, que variam conforme o tempo e lugar da pesquisa. A presente pesquisa trata da temática da prática da arqueologia em comunidades locais, em especial a partir da experiência na Comunidade Quilombola de Cinco Chagas do Matapi, Amapá. Na interação com os interlocutores busco estabelecer através da prática etnográfica e de posturas reflexivas e colaborativas, pontos de convergência entre os interesses da comunidade e os meus. A identificação de vestígios na comunidade aponta para uma problematização da diversidade cultural no processo de ocupação da região, assim como traz à tona uma história local repleta de costumes e práticas contemporâneas. Através da materialidade, são objetificadas experiências e saberes que passaram através das gerações de familiares da comunidade e que podem ser percebidos no ambiente da casa de farinha, na história da igaçaba encontrada na roça de mandioca e na festividade de Santa Luzia. Em um exercício de identificação de lugares e vestígios em Cinco Chagas, mapeamos o território da comunidade recentemente reconhecido como território quilombola. Em meio a este processo, os vestígios materiais e a prática da arqueologia se envolvem em um movimento da comunidade pela luta por seus direitos e pelo diferencial enquanto comunidade na região do Rio Matapi.