Quando o campo são jornais do século XIX: Representação, nacionalismo e etnicidade marajoara (1840-1870)
Etnografia dos/nos arquivos; Jornais; Século XIX; Marajó/PA.
Esta investigação se propõe a estudar narrativas de jornais paraenses do século XIX, mais precisamente no contexto de 1840 a 1870, compreendido pela historiografia como um tempo de transição entre dois grandes eventos que marcaram a História da Amazônia, a Cabanagem e a Belle Époque, para sondar representações construídas por esses impressos sobre modos de vida, de negociação e de luta sob a agencia de diferentes moradores, na cidade e na floresta no arquipélago de Marajó. Procurando articular os campos da Antropologia com a História e a Comunicação, a pesquisa esforça-se por apreender os jornais em suas produções, sentidos e reflexos na realidade social. Utilizamos, por esse caminho, a etnografia dos/nos arquivos como meio de possibilitar essa imersão do antropólogo neste campo, na tentativa de articular conhecimentos distintos e disciplinas variadas para o exercício da “descrição densa” e produção de uma escrita etnográfica. Na imersão das informações colhidas em campo, intenciona-se analisar como foram narrados os modos de vida, os processos de resistência e solidariedade entre homens e mulheres da região, especialmente aqueles que se encontram em uma posição inferiorizada pelos grupos de poder, sejam eles locais ou nacionais. Entre os aspectos que emergem nas linhas desses matutinos, dado o período pós-cabanagem, observam-se diferentes tentativas de inserção do estado imperial brasileiro em campos e florestas marajoaras. Na contramão desse processo, populações marajoaras em seus próprios modos de construir a existência física, social e simbólica, deixam ver a fragilidade na proposta de integração nacional do Norte ao poder central brasileiro.