ENTRE ASSASSÍNIOS E LADRÕES: um estudo antropológico sobre práticas de violação de lei entre homens em Caxias (MA)
Criminalidade, Interior, Violência
Busco compreender nesse trabalho, as relações tecidas entre homens em situação de privação de liberdade, na cidade de Caxias, no sudeste do estado do Maranhão, no que diz respeito à maneira como eles constroem e articulam duas categorias nativas, sujeito-homem e comédia, constituindo assim, sociabilidades e formas diferentes de ser viver o período de reclusão. O ambiente carcerário é concebido para além das formas de uma instituição total como um lugar que, de acordo com os próprios encarcerados, é feito para "sujeitos homens". Nesse contexto, o crime e/ou delito cometido atua como um marcador de status, implicando, por exemplo, na distribuição dos encarcerados por celas e em tantas outras práticas que concorrem para a construção de significados acerca da masculinidade, como o fato de os estupradores serem considerados, nesse ambiente, como menos homens ou não-homens. A metodologia empregada se baseia em entrevistas, conversas informais e observações dentro e fora do ambiente carcerário. A pesquisa apresenta uma forma de como o crime e/ou delito torna um confirmador de identidades masculinas, além de evidenciar como essas identidades se relacionam no contexto da privação de liberdade por meio das representações que o homem faz de si e dos outros. Na primeira parte desse trabalho, será apresentado a metodologia empregada na constituição desse trabalho. Na segunda parte, é apresentada a cidade e o bairro no qual essa pesquisa se desenvolveu. Na terceira, é colocada a forma como os homens, em contexto de privação de liberdade, organizam relações de status, geração e linhagem envolvendo todo o espaço físico das cadeias, tanto celas quanto pavilhões. E envolvem coisas e pessoas em jogos de “troca e disciplina”.