“É quando não é na carteirada, é no grito, na porrada’’: poder, conflitos e masculinidades em meio ao torcer pelo Clube do Remo durante a pandemia do COVID-19
Futebol; Poder; Masculinidades; Pandemia; COVID-19.
Partindo da premissa de que o futebol é um fato social total brasileiro, esta dissertação aborda as relações de poder e masculinidades em meio ao torcer pelo Clube do Remo – PA, durante a pandemia do COVID-19. No cenário de caos e destruição causado pela referida pandemia, o futebol – disputado por homens e aceito como profissional – não parou e as sociabilidades e socialidades em seu universo também não. Trata-se de uma pesquisa situada da área da Antropologia Social, realizada em Belém do Pará, e que contou uma breve abordagem no município de Santarém-PA. No primeiro capítulo, através de uma abordagem autoetnográfica, apresento alguns relatos de vivências minhas guardadas na memória, visando subsidiar uma escrita que possibilite compreender como a minha construção como torcedor de um clube de futebol foi pautada em variados contextos de disputas por poder e (re)afirmação social fortemente marcadas pelo gênero, por masculinidades e pela branquitude, em uma narrativa que chega ao momento que me tornei um torcedor/pesquisador. No segundo capítulo, abordo sobre casas-bares, tem cunhado por mim para se referir a bares que ocupam o mesmo espaço físico da residência do/a proprietário/a. A partir da observação participante e de entrevistas semiestruturadas, mostro como esses ambientes futebolísticos foram impactados pela pandemia do COVID-19, e quais estratégias foram utilizadas por seus/sua proprietários/a para a manutenção do funcionamento desses lugares em meio à pandemia. Por Fim, no último capítulo, valendo-me das mesmas ferramentas metodológicas do capítulo anterior, apresento relatos etnográficos a respeito de socialidades futebolísticas no entorno e dentro do estádio do Clube do Remo em Belém durante alguns jogos realizados no contexto do retorno de público ao estádio. Em ambos os capítulos, marcadores sociais de gênero, raça e sexualidade dão o tom da diversidade social que compõem a torcida do Clube do Remo.