Entre o ouvido e o escutado: uma história da saúde indígena no Brasil
Povos Indígenas; Saúde Indígena; Políticas Indígenas; Políticas Indigenistas
A tese é uma história “não escrita”, pois encontra-se “inscrita em nossas memórias”, em nossos corpos, nos lutos que vivemos e porque não nas vitórias difíceis que, após muitos embates, obtivemos. É um depoimento coletivo dos interlocutores com quem convivi e que aqui me faço relator. É uma história das lutas dos povos indígenas pela possibilidade de continuar o “bem viver” em que pese o convívio com os não indígenas. Não deixa de ser um depoimento que gostaria fosse ouvido e respeitado. Trata a tese de política indígena e indigenista sobre saúde e a respeito da necessidade de um entendimento geral do que e o que foi dito por nós indígenas, e nem sempre ouvido pelos que, por diversas razões foram nossos interlocutores, e, ainda o que não foi dito, apesar de absolutamente relevante pela ausência que, por vezes foi tomado como regra para a elaboração de políticas de saúde para povos indígenas, inteiramente diferentes entre si e dos ocidentais. Não pretendo discutir aqui de que nosso povo adoece e morre, porque isso me obrigaria a adotar os conceitos ocidentais de saúde e doença e a trabalhar com dados de morbi-mortalidade, que embora eu tenha levantado não estão no que julgo ser a raiz dos problemas que temos em relação à nossa saúde, e à configuração do modelo de atenção que temos hoje no país. Em linhas gerais a história do que temos hoje como atenção à saúde indígena é uma colcha de retalhos com uma história ainda por ser contada pelos principais envolvidos com ela, a saber, nós povos indígenas.