Da materialidade do período da borracha (1850-1920) aos agentes do deus elástico durante o século XIX no Baixo Amazonas: emaranhamentos em um presente emergente
arqueologia histórica, arqueologia contemporânea, estudos de cultura material, teoria e método em arqueologia, patrimônio
Este projeto tem como objetivo discutir sobre a obtenção de 70.000 sementes de borracha por Henry Wickham, no Baixo Amazonas. Em 1876, sir Wickham vendeu essas sementes coletadas em Santarém (Pará) para o Kew Gardens e, a partir das sementes germinadas, a borracha (Hevea brasiliensis) foi introduzida no Ceilão, colapsando a economia gomífera no Brasil. Produtos de borracha, como luvas, botas para neve, pneus e itens industriais, na virada do século XX, moldariam o mundo ao que se poderia chamar de "moderno". Nesse sentido, pode-se dizer que a assepsia e a globalização eclodiram sob a produção de materiais de borracha. No entanto, o local onde as sementes de seringueira nativa foram colhidas foi deixado para trás. Atualmente, a maioria dessas comunidades de seringueiros no Baixo Amazonas ainda não possui energia elétrica e sobrevivem principalmente através de práticas tradicionais (caça, pesca, produção de farinha de mandioca e venda de produtos florestais em menor escala). Através de materiais arqueológicos encontrados na vila de Boim (Santarém, Pará), dados históricos e a cultura material envolvida na materialidade do período da borracha aqui será discutido como a borracha se tornou uma das caixas negras da modernidade - em perspectiva latouriana - e como hoje as pessoas lidam com esse patrimônio e seu futuro.