MERCADO DE TERRAS, APROPRIAÇÃO E EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS NA AMAZÔNIA: o caso da Gleba Nova Olinda no Estado do Pará.
Mercado de terras; Gleba Nova Olinda I, Terra Indígena Maró.
O desenvolvimento econômico centrado na lógica do mercado provocou profundas transformações na estrutura social, principalmente com a consolidação do modo capitalista de produção, onde a exploração do recursos naturais é o ponto central para acumulação do capital, neste contexto, a terra se tornou uma importante mercadoria, tendo no Estado um importante agente para a regulamentação de uso. A reestruturação produtiva do capital, principalmente a partir da década de 1990, tem interposto novas estratégias de financeirização dos recursos naturais, inclusive da terra, onde diversas medidas aqui tratadas como agroestratégias têm sido formuladas para liberar terras para o mercado. Coadunados a esse processo estão os povos e comunidades tradicionais que em decorrência do aquecimento do mercado de terras, tem tido seus territórios permanentemente ameaçados. Neste sentido, esta pesquisa tem por objetivou compreender o processo de apropriação, exploração e uso dos recursos naturais e suas determinações na organização do mercado de terras na Gleba Nova Olinda I, assim como, suas implicações na demarcação da Terra Indígena Maró. Trata-se de um estudo de caso de natureza empírica e abordagem qualitativa, apoiado na teoria de campo de Bourdieu que permitiu conhecer mais a fundo os agentes sociais envolvidos e sua capacidade de influenciar na organização e estrutura do mercado de terras, na Gleba Nova Olinda I. Os principais resultados dessa pesquisa apontam para: a existência de um processo escalar de reestruturação do mercado terras, sendo o Estado um importante agente para defesa dos interesses empresarias, agindo através da reorganização e/ ou flexibilização de instrumentos jurídico-administrativos como estratégia para liberar terras para o mercado. Em resistência a esse processo, estão povos e comunidades tradicionais, que em virtude do aquecimento do mercado de terras, tem seus territórios em permanente ameaça e como forma de resistir reivindicam o direito ancestral à terra como povos Borari e Arapium, através da demarcação da TI Maró, garantindo assim sua sobrevivência matéria e simbólica.