SERVIÇO SOCIAL E SUBJETIVIDADE: perspectivas da teoria social crítica em questão.
Serviço Social. Subjetividade. Teoria Social Crítica
“Serviço Social e Subjetividade: perspectivas da teoria social crítica em questão” advém sobretudo do acumulo da minha experiência profissional, no trabalho denominado “home office” em meio a pandemia do Covid-19. Trouxe à tona todas as contradições já vivenciadas nesse ambiente, intensificadas ainda mais no ambiente doméstico. Um trabalho que passou a ser realizado concomitantemente aos cuidados da casa e da família, num contexto de medo e proximidade com a morte, nunca antes vivenciado por esta geração. Do outro lado, os usuários do Programa de Assistência Estudantil, estudantes que estavam vivenciando situações degradantes, sobrevivendo em meio a um vírus que circulava o mundo inteiro, no início da pandemia, sem nenhum tipo de apoio do Estado, tanto socioassistencial quanto psicológico e vivendo sob a égide do não trabalho. A realidade vivenciada foi muito maior do que eu estava preparada para atuar. As demandas urgentes não se relacionavam apenas a questões objetivas (acesso a direitos sociais, como renda, educação, saúde), tinham a ver também com questões subjetivas as quais a minha formação profissional (graduação e pós-graduação) não tinha me preparado para atuar. Neste sentido, vários foram os questionamentos sobre o exercício profissional, dentre eles: O que de fato é matéria do Serviço Social? Até onde podemos ir nessa interlocução entre a objetividade e a subjetividade? A apreensão sobre a questão da subjetividade está dentro das requisições profissionais? Eu me vi na obrigação de me olhar e me ouvir como assistente social, observando quais seriam os meus limites de cunho pessoal e, principalmente, os da categoria profissional. A partir disso, apresenta-se como objetivo deste estudo a análise do conceito de subjetividade no Serviço Social, no período posterior ao Movimento de Reconceituação, a partir de diferentes perspectivas da teoria social crítica. Sendo assim, explicita-se, em um primeiro momento, um passeio pelas obras marxianas: Manuscritos Filosóficos de 1844, Ideologia Alemã, Grudrisses (Capítulo do dinheiro) e O Capital (A mercadoria), buscando centrar-se nas categorias de alienação e ideologia e outras denominações como estranhamento e reificação. Em um segundo momento, a discussão perpassará por autores como Mészáros (2016), Zizek (1996) e Eagleton (2019), na análise sobre a teoria da alienação, além de autores brasileiros que se debruçam sobre a temática da subjetividade, como o filósofo Silveira (1989; 2020) e na apreensão da relação entre subjetividade e o Serviço Social indica-se Azevedo (1998; 2002), Vasconcelos (2010; 2014) e Nicácio (2008). Pretende-se como condução operacional, o desenvolvimento de um trabalho teórico com a pesquisa bibliográfica e documental que possibilite observar dialeticamente a historicidade do conceito de subjetividade no Serviço Social, a fim de subsidiar teoricamente o exercício profissional, o qual tem em seu cotidiano de trabalho, a necessidade de pensar esse indivíduo, usuária/o das políticas sociais, de forma ampliada, na totalidade da vida, ou seja, em um processo de criação e recriação do mundo humano. Uma subjetividade que se constitui na práxis humana e não em um sujeito individualizado, isolado e indiferente.