FAMÍLIAS CHEFIADAS POR MULHERES, POLÍTICA SOCIAL E POBREZAEM TEMPOS DE PANDEMIA: uma análise das condições de sobrevivência das mães solo na cidade de Belém/Pará.
Famílias, famílias monoparentais femininas, mães solo, chefia familiar feminina, pandemia da Covid-19.
Este estudo tem como objetivo verificar os impactos da pandemia da Covid-19 nas condições de vida e de trabalho das famílias monoparentais com chefia feminina, as mães solo, beneficiárias do Programa de Transferência de Renda Bolsa Família, no município de Belém/PA. Como método de investigação, esta pesquisa buscou basear-se no Materialismo Histórico e Dialético, tendo como procedimentos técnico-operativos: levantamento bibliográfico, pesquisa documental e pesquisa de campo. O levantamento bibliográfico priorizou os trabalhos publicados nos principais portais acadêmicos, em consonância com a temática investigada, além da aproximação com o debate envolvendo autores/as clássicos e contemporâneos, na tentativa de problematizar o tema no contexto e limites da sociedade capitalista vigente. A pesquisa documental foi constituída a partir do aprofundamento da leitura de documentos nacionais e internacionais, bem como de órgãos e institutos federais, com a finalidade de identificar os aspectos demográficos das famílias monoparentais com chefia feminina, a nível
nacional, estadual e municipal, também na tentativa de realizar um panorama histórico sobre a relação entre as políticas de Assistência Social e a questão de gênero. A pesquisa de campo consistiu na análise das fichas de identificação das famílias, nesse caso as monoparentais com chefia feminina, atendidas pelo Serviço de Proteção e Atendimento integral à Família (PAIF) nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) Guamá e Terra Firme, nos anos de 2019 a 2021, objetivando identificar os impactos que a pandemia da Covid-19 desencadeou nas condições de vida e de trabalho dos núcleos familiares que possuem como principal representante uma mulher, mãe solo e usuária do Programa Bolsa Família (PBF), no município de Belém/PA. Os resultados indicam que, a partir do ano de 2020, houve o fechamento de postos de trabalho, creches e escolas, além do aumento das relações de trabalho cada vez mais precárias e apoiadas na informalidade. Houve também o aumento do desemprego estrutural que atingiu as famílias no Brasil como um todo, assim como, o aumento da fome e da
pobreza, a alta na procura por benefícios sociais, em decorrência da pandemia da Covid-19. Esses fatores impactaram enormemente a população feminina, e em especial, as que chefiam famílias, em sua maioria composta por mulheres negras, nos âmbitos nacional e municipal, agudizando a histórica desigualdade de classe, gênero e raça no Brasil. No estado do Pará e na cidade de Belém, esse processo resultou na urgência máxima de implementação de políticas de garantia e proteção de direitos à esse segmento, apesar das dificuldades impostas pelo atual governo federal e sua lógica ultraneoliberal.