MERCADO DE TRABALHO E GÊNERO: UMA BREVE ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA OFERTA DE TRABALHO FEMININO
Mercado de trabalho, mulher, oferta de trabalho e alocação do tempo.
A crescente inserção da mulher no mercado de trabalho suscitou diversos estudos na tentativa de explicá-la, as abordagens em geral tentam esclarecer a evolução e o estado mais recente desse fenômeno. Os pesquisadores tentam quantificar o fenômeno, identificar padrões e buscar explicações. A variável a ser explicada é a oferta de trabalho feminina. A decisão de ofertar trabalho no mercado é uma decisão tomada no âmbito familiar. Assim, as características domiciliares são relevantes na decisão de ofertar trabalho. A decisão de ingressar na população economicamente ativa é uma decisão de alocação de tempo entre atividades nas esferas pública e privada. Essa decisão torna-se ainda mais complexa para as mulheres, pois o aumento das horas dedicadas às atividades produtivas (esfera pública) não teve uma contrapartida no número de horas que os homens dedicam as atividades reprodutivas (esfera privada), isto é, em grande medida as mulheres continuam responsáveis pelos cuidados do lar ao mesmo tempo em que ingressam intensamente no mercado de trabalho. Assim, a oferta de trabalho feminina é explicada através de variáveis que possam quantificar a dinâmica no lar. Nesse sentido, essa tese tem o objetivo de analisar os determinantes da participação feminina no mercado de trabalho brasileiro, bem como examinar a relação entre sua alocação de tempo e as características socioeconômicas. Assim, a análise é feita em duas etapas, primeiro, inquire-se sobre a relação entre o ingresso feminino na força de trabalho, e algumas das características socioeconômicas que as estimulam (ou desanimam) a compor a força de trabalho. Na segunda parte considera-se a forma como as características socioeconômicas da mulher afeta sua alocação de tempo entre as atividades de trabalho no mercado, trabalho em casa e lazer. Para entender a mudança no equilíbrio das atividades no lar e no mercado de trabalho são abordadas características relacionadas à renda, escolaridade, estado civil, filhos, tamanho da família e migração. Para verificar quais os principais determinantes da participação feminina na PEA utilizou-se o modelo Probit. De modo análogo, porém utilizado o modelo Heckit, verifica-se a forma como a alocação do tempo da mulher é afetada pelas características pessoais e domiciliares. Os primeiros resultados indicam que a mulher é que mais sofre perda de bem-estar devido ao fato de ser casada e (ou) ter filhos, as mulheres com ensino superior são mais propensas a ofertar trabalho no mercado e tem menos perda de bem-estar, além disso, o ensino superior mostra-se como equalizador da ofertar de trabalho e alocação do tempo em nível regional, por raça e por zona do domicílio.