ELEMENTOS TEORICOS, QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS PARA ANÁLISE DA QUALIFICAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO NO BRASIL.
trabalho, qualificação, mercado de trabalho, flexibilidade e precarização.
Todo modo de produção apresenta-se como processo de trabalho e expressa relações de produção específicas, a partir dos quais se forma o trabalhador de cada época. Com a divisão social do trabalho, no modo de produção capitalista, houve a cisão do trabalho manual e intelectual, combinados nos mesmos indivíduos ou indivíduos separados, e a produção do conhecimento e a qualificação se desenvolvem a partir do trabalho. Tal separação fez com que pessoas distintas passaram a se encarregar especificamente de uma ou de outra atividade de trabalho, portanto, as forças produtivas e respectivas relações de produção são diferentes e específicas a cada modo de produção e desenvolvem-se qualitativamente superior a de um modo de produção anterior, tais como vimos a concepção de trabalhador qualificado no taylorismo e a partir da década de 1980 na acumulação flexível. O conceito de qualificação, no qual, considerou-se qualificado para o trabalho o indivíduo que possui capacidade técnica (intelectual e manual), independentemente de seu nível de complexidade, desenvolvida no e pelo trabalho e imerso nas relações sociais de produção, e capacidade superestrutural como os requisitos morais, ideológicos e políticos que o vinculam à atividade que realiza. Dessa forma, o conceito de qualificação não é estático nem imutável, mas construído historicamente, porque acompanha as transformações que ocorrem no grau de complexidade da força de trabalho, com as decisões, mediações e contradições nele existentes, no qual a tecnologia é um fator preponderante para o aumento do grau de qualificação do trabalhador e contraditoriamente a uma desqualificação do trabalho por meio da simplificação dos processos, valoriza a produção técnica e de novos conhecimentos, por meio dos quais aumenta sua produtividade e cria novas possibilidades de acumulação e de valorização. Em O Capital, Marx demonstrou que o modo de produção capitalista modifica o processo de trabalho com o objetivo de valorização do capital, e que apesar de não aprofundar sua análise sobre o trabalho qualificado, deixa claro que a qualificação foi subjugada à lógica da acumulação e subsunção do trabalho ao capital. O que ficará explícito com a apresentação de alguns indicadores estatísticos do mercado de trabalho e a produção do Índice de Qualidade do Trabalho, que comprovaram que apesar do aumento da qualificação, as relações trabalhistas ainda continuam precárias, e o trabalhador está à mercê da valorização do capital. Os elementos teóricos e empíricos desta tese buscam demonstrar que a qualificação profissional é um fator negativo na vida do trabalhador, pois a mesma deve atrelar a si melhores rendimentos, mais instrução, autonomia, empregabilidade e conhecimento do trabalho e das lutas de classe ao trabalhador; porém, no modo de produção capitalista a relação entre trabalho e educação, que deveria ser virtuosa, se torna apenas uma tendência cíclica das mudanças do modo de produção e uma estratégia para extração de mais-valor relativo do trabalhador, que não diminui o desemprego, mais tem mostrado tendências crescente de terceirização (subcontratação), desqualificação do trabalho (simplificação), aumento da rotatividade e o enfraquecimento sindical e, portanto, da classe proletarizada.