Esta pesquisa pretende compreender o papel exercido pela dívida pública dos países 

latino-americanos na dinâmica global de acumulação capitalista no atual padrão de 

reprodução do capital. A análise desenvolvida parte do suposto que, no atual estágio 

capitalista, a dívida pública da América Latina assume maior importância como circuito 

de transferência de renda aos países centrais. Isto posto, o objetivo principal deste trabalho 

é, a luz do arcabouço teórico marxista, identificar os elementos de singularidade que 

conferem, no atual estágio do capitalismo, maior importância à dívida pública da periferia latino-americana para a acumulação do capital global; bem como a relevância que o endividamento público tem na dinâmica atual de subordinação e dependência da América Latina. Para alcançar esses objetivos em um primeiro momento buscaremos analisar o papel do Estado, enquanto agente econômico responsável pelas finanças públicas, na dinâmica de acumulação do capital, isto é, sua intervenção no processo de reprodução das relações sociais no sistema capitalista e como a dívida pública se insere nessa dinâmica. Em seguida buscaremos mapear os elementos teóricos presentes em O Capital, onde Marx trata da tendência de queda da taxa de lucro como inerente à dinâmica de acumulação capitalista. O que se pretende aqui é demonstrar a relevância da dívida pública para reprodução do capital global em um cenário de queda da taxa de lucro ao se apresentar como alternativa rentável ao capital sobreacumulado. Por fim, a partir do aporte analítico da teoria da dependência, buscaremos compreender como a dívida pública ganha centralidade como circuito de transferência de riqueza da América Latina para os países centrais no estágio atual do capitalismo, marcado pela financeirização do capital, e como esse processo contribui para o estágio atual de dependência na América Latina, fortemente marcada por práticas de "acumulação por espoliação".