O Invisível em Movimento: um estudo sobre as resistências na fronteira amazônica do século XXI.
Urbanização amazônica. Mineração. Fronteira. Sudeste Paraense. Parauapebas.
Em um contexto de urbanização capitalista, onde florestas, aldeias, vilas e povoados estão sendo incorporados a uma rede urbana contínua, e as relações sociais entre os níveis global, urbano e local tornam-se cada vez mais complexas, este trabalho sugere a (re)inversão do olhar sobre a realidade. Com base na concepção do universo cotidiano como um campo fecundo para construção teórica e da prática urbana, a hipótese deste trabalho é a de que certas práticas sócio-espaciais manifestas no urbano amazônico, mesmo envolvidas em tensões contraditórias, contêm potenciais socialmente emancipatórios e podem constituir embriões de uma matriz urbana mais justa, inclusiva e integrada à natureza. Esta proposição é orientada por uma hipótese-mãe, a da urbanização completa da sociedade, anunciada e desenvolvida por Henri Lefebvre, em sua obra seminal A Revolução Urbana. Nessa via, assumimos o urbano amazônico como um laboratório de estudo privilegiado para a reflexão crítica sobre o fenômeno urbano como processo global e horizonte emancipatório. Para construção do argumento, este trabalho propõe uma aproximação entre o pensamento de Henri Lefebvre e o conceito de fronteira na Amazônia. E a partir de uma abordagem dialética entre níveis da realidade social, desdobram-se os seguintes objetivos: analisar as dinâmicas mais gerais da urbanização capitalista em contextos de mineração, relacionando-as com os níveis urbano e cotidiano; revisar o conceito de fronteira à luz do pensamento lefebvriano e da derivação de urbanização extensiva, no sentido de reintroduzir e recolocar o conceito de fronteira no debate contemporâneo sobre o urbano na Amazônia; e, por fim, procuramos construir uma reflexão crítica sobre o urbano a partir da identificação e análise de práticas sócio-espaciais com potenciais para transformação e emancipação do espaço social.