Redistribuição, comércio e finanças em gênero na Amazônia: a instituição do aviamento em perspectiva evolucionária no período de 1616 à 1834.
Instituições; Amazônia Colonial; Aviamento; Redistribuição; Comércio.
As pesquisas sobre o Aviamento geralmente se concentram no recorte da economia da borracha (1850-1920). Nos dedicaremos ao período anterior, para entender sua emergência como instituição financeira e as variantes que assumiu ao longo do período que compreende a Amazônia colonial até a pré-Cabanagem. Para este intuito, utilizamos as teorias institucionalistas de Thorstein Veblen e Karl Polanyi, que respectivamente, irão contribuir com a abordagem evolucionária das instituições e com mecanismos diversos utilizados para fazer circular o meios de subsistência na economia. A hipótese do projeto é que a dominância estrutural da centralidade estatal e da redistribuição até o fim do diretório dos índios (1798), desenvolveu finanças em gênero em uma economia predominantemente sem moeda cunhada. O crédito ou aviamento, por sua vez, é uma manifestação coerente e adaptada dessas finanças. Com o fim do Diretório, a transição para um novo regime se inicia, onde o caboclo e não o índio, o capital mercantil e não o Estado, irão, respectivamente, produzir meios materiais e organizar os fluxos da instituição do aviamento até a eclosão da Cabanagem. Assim, estamos reavaliando pressupostos da Historiografia Econômica Brasileira que enfatiza apenas os mercados externo e internos (ou sua ausência, quando emerge a domesticidade) como mecanismo de integração econômica e que possibilitariam a existência de um campesinato e a acumulação mercantil local. Nos primeiros capítulos empíricos, concluímos que o mercado não foi uma instituição estruturalmente relevante no período que compreende a fundação de Belém (1616) ao fim do Regimento das Missões (1755). Evolucionariamente, a centralidade estatal com seus pagamentos e recebimentos baseados em obrigações não-econômicas (redistribuição), organizou um sistema monetário e financeiro sem moeda cunhada, de onde emerge o aviamento comercial (externo) e redistributivo (interno), porém, como traço comum, temos sua dimensão financeira. Essas variações do aviamento são utilizadas como instituições integradoras das tropas de resgate, descimento dos índios e expedições de coleta das drogas do sertão antes do Diretório. Essas variantes do aviamento e não o mercado, proporcionaram a acumulação de capitais por negociantes na colônia, sediados em Belém.