“APARTHEID À BRASILEIRA: RACISMO E SEGREGAÇÃO URBANA EM SALVADOR/BA”.
Apartheid, Racismo, Segregação Racial, Direitos Humanos, Salvador.
A presente pesquisa investiga as relações raciais de segregação dentro do espaço urbano da cidade de Salvador, na Bahia. Salvador conta com cerca de 3 milhões de habitantes, sendo que aproximadamente 80% da sua população é composta por negras e negros autodeclarados. Historicamente, as relações raciais no contexto soteropolitano são marcadas pela opressão e exclusão em relação à população negra, cujos direitos foram cerceados pelos grupos brancos hegemônicos. Não obstante a escravidão tenha sido abolida pelo Estado brasileiro, verifica-se a continuidade do cenário de racismo e discriminação nas mais variadas vertentes. Tal panorama se reflete no espaço urbano da capital baiana, na qual os bairros com maior infraestrutura e localizados nas regiões centrais da cidade contam com uma população predominantemente branca – cerca de 65% de seus moradores –, enquanto os bairros periféricos, com menor qualidade de serviços e precária infraestrutura são habitados majoritariamente por negras e negros, em percentuais que chegam aos 95%. Tal cenário coloca em discussão um possível quadro de apartheid orquestrado na capital baiana, em que a distinção da população em bairros soteropolitanos é realizada por meio de contornos raciais. O presente trabalho propõe a investigação de uma intencional segregação da população negra do centro urbano de Salvador, demandada pela população branca economicamente abastada e em conjunto com os setores institucionais. Não obstante a Constituição Federal de 1988, os tratados e as convenções internacionais abarcarem um extenso rol de direitos para os indivíduos, verifica-se uma evidente disparidade entre a positivação e a efetiva implementação destes direitos humanos para a população negra da cidade de Salvador.