SLOTERDIJK E A ESFEROLOGIA: poéticas e cartografias da tecnopolítica.
Sloterdijk; Comunidade; Agência; Imunidade; Estado
Com as “Esferas” (Sphären I, II e III), Peter Sloterdijk lança um núcleo para uma multiplicidade de teorias interpenetrantes. Contra Heidegger, para o ‘enfant terrible’ da filosofia contemporânea, nenhum Deus pode nos salvar da armação da técnica [Gestell]. Ao oferecer uma onto-genealogia do sapiens, a esferologia é apresentada como uma série de poéticas e cartografias da tecnopolítica. A tese compreende a poética na disposição explicativa do espaço colossal e a cartografia na tendência antropogênica para envelopar o monstruoso [Monströs]. Ao atravessar as tipologias do homem e as topologias da esfericidade, o objetivo geral é analisar como a esferologia pode oferecer uma expressão civilizatória a partir do paradigma imunológico. Por este paradigma, imunizar a biosfera implica uma agenda pós-humanista e pós-epistolar na iminência de uma catástrofe climática. Para um programa ético-político no tempo do Antropoceno, introduz o conceito de tecno-heterotopia e salienta a urgência de uma gramática dos comportamentos enraizada na homeotécnica. A saber, aposta no cooperativismo de comunidades emancipadas do poder pastoral e aponta para uma agência relacional baseada na generosidade e na criatividade da cidadania planetária. Em síntese, a problemática da tese é formulada nas seguintes perguntas: Se o modelo político de soberania derivado do Estado de bem-estar social corre o risco da desterritorialização, qual deverá ser o princípio para a reterritorialização de uma república sustentável? Qual o sentido geral da comunidade e como este sentido pode ser gerador de uma ética para a coexistência com a Terra? Qual a função política da coimunidade frente a imunodeficiência das energias coletivas? A hipótese propõe um novo modelo de soberania: o Estado de imunidade comum. Por meio da revisão crítica de “Tens de mudar de vida” (Du mußt dein Leben ändern), o chamado ‘coimunismo’ [Koimmunismus] é analisado a partir de interlocuções com Deleuze e Guattari, além de Foucault. Como resultado, lança uma governança em nuvem para a república dos espaços [Republik der Räume] e o regime das espumas é fundado no direito ambiental de resistência para o exercício de tão novas quanto viáveis formas de vida.