VARIABILIDADE QUÍMICA NOS AROMAS DAS FLORES DE ORQUÍDEAS COM OCORRÊNCIA NA AMAZÔNIA
Orchidaceae, Aroma floral, Derivados de ácidos graxos, PCA.
Orchidaceae é considerada uma família de plantas com elevado potencial de comercialização
pelo seu valor ornamental e empregos na medicina tradicional e como alimento saudável. O
estudo do aroma floral permite compreender melhor a relação com seus polinizadores, bem
como as forças evolutivas que resultam destas complexas interações. Considerando-se que há
poucos estudos da composição química do aroma floral de Orchidaceae, este trabalho teve
como objetivo estudar do ponto de vista químico o concentrado volátil das flores de espécies
da família Orchidaceae com ocorrência na Amazônia. Os aromas florais foram extraídos de 48
espécies, com origem em várias áreas da região Amazônica. As flores foram submetidas a
destilação – extração simultânea (DES). A identificação dos constituintes voláteis foi realizada
por cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG-EM) e detector de
ionização de chama (CG-DIC). Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística
multivariada. Para a espécie de Aganisia os constituintes principais foram germacreno D
(18,9%) e junenol (15,1%). Para Batemannia foram β-bisaboleno (37,8%) e elemol (19,4%).
Na Braemia e uma espécie de Coryanthes a predominância foi de n-nonanal (56,2– 62,0%) na
outra espécie do segundo gênero o componente principal não foi identificado (96,6%). Na
Brassia foram (E)-β-ocimeno (18,3–20,0%) e linalol (11,3–26,8%). No Camaridium foram
acetato de benzila (40,1%) e n-nonanal (20,6%). No Catasetum foram 1,8-cineol (1,1–72,9%),
1,4-dimetoxibenzeno (54,1%), α-pineno (10,5–42,9%), linalol (8,8–39,5%), acetato de 2-
feniletila (10,0–30,5%), geraniol (5,0–29,7%), 7-epi-1,2-desidro-sesquicineol (28,3%), óxido
de cis-carvona (6,2–25,7%), acetato de benzila (5,0–10,3%), salicilato de metila (17,0%), β-
felandreno (8,4–23,1%), limoneno (7,5–18,2%), 1-octadeceno (18,1%), sesquiterpeno
oxigenado não identificado (MM=208) (7,5–15,4%), carvona (7,5– 13,6%) e cadin-4-en-10-ol
(12,1%). Na Encyclia foi (2E,2Z)-farnesol (24,9%). Na Eulophia foram n-nonanal (62,9%) e
heptanal (17,5%). Na Galeottia foram β-elemeno (8,0–32,4%), geraniol (17,8–20,7%) e nerol
(15,9–16,4%). Na Gongora (E,E)-α-farneseno (5,8–29,57%), terpinen-4-ol (67,1%),
sesquiterpeno oxigenado não identificado (55,4%) (MM=208), (E,E)-geranil linalol (51,6%),
β-bisaboleno (12,6–32,2%), metoxi-eugenol (27,6%) e benzoato de benzila (15,8%). Na
Ionopsis foram n-tricosano (16,6%) e linalol (14,2%). Na Lycaste foi o 2-metiltetracosano
(37,1%). Na Mapinguari foram n-nonanal (20,8%) nona-3,6-dien-1-ol (15,7%) e álcool
behênico (14,4%). Na Maxillaria foram n-nonanal (15,8–34,2%), o-guaiacol (27,2%), óxido
de cis-linalol (piranóide) (23,5%), linalol (17,0%) e n-octano (13,6%). Na Mormodes foram
(E,E)-α-farneseno (47,4%) e β-bisabolenol (28,0%). No Otostylis foi o espatulenol (36,6%).
Na Paphinia foram acetato de farnesila (73,4%), (2Z,6E)-farnesol (67,0%), (2Z,6Z)-farnesol
(43,1%), (E)-nerolidol (27,0%), metil-p-terc-butil-fenilacetato (26,9%) e álcool behênico
(10,4–14,8%). Na Peristeria 6,7-epoximirceno (57,8%), mirceno (43,3–57,3%), 1,4-
dimetoxibenzeno (26,0–30,2%) e α-terpineol (13,0–13,9%). Na Pescatoria foi o álcool
behênico (13,6%). Na Scuticaria foram (E)-nerolidol (45,4%) e n-nonanal (25,8%). Na
Sobralia foram álcool fenietílico (73,7%), (E)-cariofileno (57,2%), (E)-β-ocimeno (17,4%) e
(E)-cinamato de metila (18,0%). Nos espécimes de Stanhopea foram acetato de benzila (33,4–
65,6%), 1-octadeceno (5,5–14,4%) e álcool benzílico (7,0–12,9%). No Xylobium foram
hexanoato de decila (31,5–40,0%), octanoato de octilo (8,8–19,5%), 1,4-dimetoxibenzeno
(23,6%) e tetracosano (13,9%). No Zygosepalum foram terpinen-4-ol (61,6%) e γ-terpineno
(13,9%). PCA constituiu sete grupos de aromas com base na análise da porcentagem total das
classes dos compostos identificados nos concentrados voláteis das flores. Os resultados
encontrados indicam grande diversidade de terpenóides, derivados de ácidos graxos e
benzeniodes/fenilpropanoides.