Aplicação de métodos de metabolômica para a identificação dos perfis metabólicos dos extratos hexânicos e alcoólicos das sementes de Açaí (Euterpe oleracea Mart.) e correlação com atividade biológica.
Açaí, fenólicos, rejeito, sementes, cicatrização.
A cadeia produtiva da polpa de açaí preto e branco gera toneladas de sementes de açaí (Euterpe oleracea Mart.) como resíduo de difícil eliminação, pouco investigado e que encerra moléculas lipídicas e fenólicas, passiveis de serem exploradas pela indústria de alimentos, cosmética e farmacêutica. Neste trabalho foi investigado os diferentes grupos de metabólitos presentes neste resíduo, aplicando técnicas de metabolômica, e suas relações com as atividades antioxidantes, citotóxicas, citoprotetoras e cicatrizantes. As sementes de açaí preto e branco foram secas, trituradas e extraídas à 35°C com 1,5 L n-hexano e, à 45°C com 3,0 L de etanol, respectivamente, empregando agitação assistida por ultrassom por 30 minutos. As classes metabólicas foram investigadas empregando CCD, ensaios de via úmida com FeCl3 e espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier e CG-EM. O extrato etanólico do resíduo do açaí foi avaliado quanto seu potencial antioxidante através do ensaio de DPPH, a citotoxidade e a citoproteção frente as linhagens ACP02 e MNP01, através do ensaio in vitro como o método MTT e a atividade cicatrizante através de ensaio in vivo durante 21 dias, avaliando a contração de área da ferida em ratos com diabetes induzida por aloxana. Foram identificadas através da CCD, dos ensaios com FeCl3 e a espectroscopia de infravermelho a presença de ácidos graxos, substâncias fenólicas e taninos condensados. O perfil lipídico e fenólico por CG-EM foi semelhante para todas as amostras, sendo majoritários os AGS, representados pelo o ácido miristico, palmítico, láurico e AGI, representado pelo ácido oleico. Entre as moléculas fenólicas, os fenóis simples foram majoritários, entretanto observou-se a presença de ácidos hidroxibenzóicos, fenilacéticos, fenilpropanóides e flavonóides. A atividade antioxidante apresentou EC50 iguais à 9,8 e 14,47µg/mL, para o açaí preto e branco, respectivamente. A citotoxidade foi baixa, com sobrevivência celular acima de 80% e presença de atividade citoprotetora para o açaí branco e preto para as concentrações de 100, 200 e 400 µg/mL. O extrato etanólico do resíduo do açaí acelerou a cicatrização de feridas cutâneas em ratos diabéticos nos primeiros 7 dias de cicatrização.