DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ADULTERANTES EM ÓLEOS AMAZÔNICOS UTILIZANDO ESPECTROSCOPIA NIR E QUIMIOMETRIA
Óleos amazônicos. Adulteração. Espectroscopia NIR. Análise de componentes principais. Calibração multivariada.
Os óleos amazônicos são produtos florestais não madeireiros que possuem propriedades físicas, químicas, biológicas, bioquímicas e fito-químicas particulares, o que lhes afere potencial econômico, tecnológico e nutricional. São conhecidos por suas aplicações na medicina popular na região amazônica e são amplamente empregados como matéria prima na fabricação de produtos de diversos seguimentos. A ampla variabilidade de composição química dos óleos vegetais extraídos das diversas espécies oleaginosas encontradas tipicamente na Amazônia demanda a busca por novos métodos analíticos alternativos voltados para o controle da qualidade destes produtos. Uma das principais preocupações dos órgãos de fiscalização diz respeito à ocorrência de adulterações, que normalmente acontecem por meio da adição de óleos vegetais de valor comercial menor, principalmente com o objetivo de se obter vantagem econômica. Ao longo dos anos, o uso da quimiometria em conjunto com técnicas analíticas espectroscópicas, em especial a espectroscopia na região do infravermelho próximo (NIR), tem sido extensivamente adotado no desenvolvimento de métodos para determinação de propriedades físico-químicas e análise da integridade de produtos de diversos seguimentos, tais como fármacos, alimentos, combustíveis, polímeros etc. Por outro lado, não são encontrados trabalhos que descrevem a aplicação da espectroscopia NIR para estudos de comparação e quantificação de adulterantes em amostras dos óleos estudados nesta tese. Esta tese propõe o uso de métodos de análise multivariada baseados na espectroscopia NIR para comparação de dez óleos vegetais tipicamente encontrados na região amazônica e quantificação do teor de adulterantes em amostras adulteradas com óleos de soja, milho e algodão. No total, foram utilizadas 934 amostras, incluindo amostras de óleos amazônicos autêncitos (óleos de açaí, andiroba, babaçu, bacaba, buriti, castanha do pará, copaíba, palmiste, parauá e pracaxi, obtidos em parceria com uma empresa de extração de óleos) e misturas preparadas em laboratório adulterando-se propositalmente os óleos autênticos com um, dois ou três dos óleos adulterantes. Através da análise de componentes principais nos dados espectrais foi possível observar padrões de dissimilaridade entre amostras puras e adulteradas e entre os diferentes tipos de óleos amazônicos. As regiões espectrais principalmente responsáveis por este comportamento correspondem aproximadamente a 6060 cm-1, 4679 cm-1 e 4648 cm-1, e estão relacionadas a composição de ácidos graxos e, particularmente, de compostos fenólicos no óleo de copaíba. Os modelos de calibração multivariada (regressão PLS) construídos para quantificar o teor de adulterantes e o teor de pureza nos óleos amazônicos foram capazes de prever o teor (%m/m) de cada óleo adulterante (óleos de milho, soja e algodão) em amostras adulteradas de óleos vegetais amazônicos contendo a presença de um, dois ou dos três óleos adulterantes. Foram obtidos erros médios da ordem de 4,18 % e coeficiente de determinação (R2) de 0,92. Os métodos propostos nessa tese se mostraram práticos, rápidos, eficientes e com potencial para aplicação em cooperativas e por órgãos de fiscalização. A metodologia proposta também pode ser aplicada a outros tipos de óleos diferentes dos que foram estudados neste trabalho.