Modelo de classificação de municípios quanto à propensão a Violência Doméstica e Familiar contra Mulheres: uma abordagem de decisão multicritério
Violência contra a mulher. Métodos multicriterios. ELECTRE Tri.
Considerando a inserção de técnicas computacionais nas mais diversas problemáticas enfrentadas atualmente pela sociedade, o objetivo principal deste estudo é empregar uma abordagem de tomada de decisão multicritério para classificar municípios de acordo com sua propensão à ocorrência de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (VDFCM). A metodologia utiliza dados oriundos da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC), do ano de 2019, e do Censo Demográfico de 2010, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), juntamente com registros de casos de violência do Centro de Atendimento à Mulher (Ligue 180) do ano de 2022. O método ELECTRE Tri-B foi aplicado para a tarefa de classificação, considerando como critério o Índice de Assistência e Proteção (IAP), que é um agregado de cinco indicadores municipais referente a disponibilização de serviços especializados no atendimento e proteção das vítimas, além de um conjunto de critérios socioeconômicos: PIB Per Capita, Índice de Desenvolvimento Humano, Taxa de alfabetização e Taxa de Desemprego. Os municípios foram agrupados em quatro classes: Baixa, Média, Alta e Muito Alta propensão. Como resultado, pretende-se identificar as principais regiões que necessitam de atenção especial dos órgãos competentes pela carência de serviços e estratégias de proteção às mulheres e indicadores socioeconômicos desfavoráveis, destacando, assim, a utilidade da abordagem proposta como ferramenta de apoio à tomada de decisão para priorização de recursos e intervenções. O estudo de caso será feito na Região Norte do Brasil e sua primeira aplicação foi no estado do Amapá, cujos resultados preliminares sugerem que 75% dos seus municípios podem ser classificados com Alta ou Muito Alta propensão às ocorrências de VDFCM. As comparações da classificação com os registros do Ligue 180 apontam que municípios com Baixa ou Média propensão, com consideráveis valores de IAP e indicadores socioeconômicos, apresentaram mais denúncias do que os demais. Os resultados também apontam a necessidade de uma segunda abordagem de classificação para avaliar o modelo quanto às definições dos limites de cada classe. As aplicações práticas feitas até o momento demonstram que a abordagem é capaz de destacar áreas mais vulneráveis e pode ser usada para orientar políticas públicas na priorização de recursos.