ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS OXIDATIVAS, MORFOLÓGICAS E FUNCIONAIS EM GLÂNDULAS SALIVARES DA PROLE APÓS EXPOSIÇÃO GESTACIONAL E PÓS-NATAL AO METILMERCÚRIO: ESTUDO PRÉ-CLÍNICO
Exposição intrauterina, Exposição pós-natal, Glândulas Salivares Maiores, Metilmercúrio.
A exposição ao metilmercúrio (MeHg) continua a ser uma questão de saúde pública devido a sua ampla distribuição no meio ambiente, especialmente no ecossistema amazônico. Os efeitos deletérios deste composto aos animais e seres humanos têm sido amplamente relatados, inclusive às glândulas salivares de ratos adultos. Entretanto, possíveis repercussões da exposição ao MeHg durante período gestacional e de lactação ainda não foram investigadas. Portanto, este estudo teve como objetivo investigar se a exposição ao MeHg durante os períodos intrauterino e neonatal induz níveis de mercúrio, alterações na bioquímica oxidativa, além de alterações morfológicas e danos funcionais. Para isso, ratas prenhes foram expostas ao MeHg do período gestacional até o final do período de lactação (Grupo MeHg) na dose de 40 μg/kg de peso corporal/dia incorporada a biscoitos; enquanto os animais controles receberam biscoitos apenas com o veículo (Grupo controle). Em seguida, nos tecidos glandulares e saliva obtidos da prole, as análises foram realizadas para investigar possíveis alterações. Foram realizadas a determinação dos níveis de mercúrio total; análise de balanço oxidativo através da capacidade antioxidante contra radicais peroxil (ACAP), peroxidação lipídica (LPO) e níveis de nitrito; avaliação histológica por morfometria; e ensaios salivares para avaliação através da taxa de fluxo salivar, atividade de amilase e concentração de proteína total. Observou-se que os níveis de Hg apresentados induziram desequilíbrio bioquímico oxidativo caracterizado por uma diminuição na concentração de ACAP, maior peroxidação lipídica e aumento nos níveis de nitrito. Além disso, as proles expostas ao MeHg apresentaram danos nos parâmetros morfológicos, bem como na diminuição do fluxo salivar, atividade de amilase e concentração total de proteína. Assim, mostramos pela primeira vez na literatura que a exposição gestacional e pós-natal ao metilmercúrio induz danos bioquímicos oxidativos, associados a alterações morfológicas, podendo desencadear prejuízos funcionais em glândulas salivares na prole.